domingo, 16 de dezembro de 2018

Desapego

Desapego, ou, a hercúlea missão de deixar algo ir embora.
Como boa escorpiana, esta tarefa é muito difícil. Como se não pudesse abrir mão de nada, retendo tudo entre os dedos.
Quando preciso superar algo, seguir em frente e deixar ir, sofro. Sofro, pois as mudanças são importantes, mas não aceito quando elas vêm acompanhadas da tristeza de um adeus.
Não gosto de adeus. Essa palavra encerra toda uma gama de sentimentos e vivências que me recuso a aceitar que têm fim, mas têm.
O Norte é logo ali, mas meus pés insistem em ficar enraizados, parados, inertes, fazendo-me contemplar o sul com olhos melancólicos.
Então, sem aviso, me vem os pensamentos mais deprimentes: os famigerados 'e se'...
'E se' eu não tivesse mentido, 'e se' eu tivesse agido de outra forma, 'e se' eu tivesse mudado meu destino com outra atitude, ou outras palavras... 'e se'.
Assim, como em um roda moinho de ventos, giro ao redor dos meus pensamentos, sem conseguir formar um raciocínio linear e, por não aceitar as verdades e os fatos de forma resiliente, sofro.
Não. Não aprendi a desapegar. Não aprendi a seguir em frente, quando em determinados assuntos ainda me vejo enlaçada com sentimentos dos quais não quero me livrar.
Assim, o desapego ainda me é um total estranho, um melancólico companheiro com o qual não travo nenhum diálogo.

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