sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

...e o Vento Levou

Não foi a toa que ela, merecidamente, faturou o Oscar de melhor atriz.
Aliás, o filme recebeu 10 estatuetas.
Meu personagem favorito, o filme favorito, música favorita...
Fui capaz de decorar algumas cenas e, sem exagero, ter visto mais de 50 vezes (muito mais).
A superação e mensagens que transmitem e retratam são minhas favoritas.
Jamais me identifiquei tanto quanto com um personagem quanto com Scarlet.
Hoje, em comemoração a mais um contrato, dessa vez uma licitação, insiro a cena favorita, talvez não só para mim, mas para muitos.

Gone With The Wind- Tara

sábado, 8 de novembro de 2008

O que faria se pudesse voltar aos principais momentos de sua vida?

Um dia inteiro para visitar os mais emocionantes...

Eu começaria pela sala da casa de Campinas. Sentar-me-ia no chão e esperaria meu pai chegar com a bonequinha japonesa de roupa cor-de-rosa.
Seguiria para a casa de minha tia Carmo e com ela conversaria por horas para mais um abraço e mais um beijo. Comeria seus quitutes e riríamos na cozinha da casa dela.
Seguiria para o Sul em qualquer dia das viagens maravilhosas que fazia com a Su.
Congelaria meu tempo e olharia meus filhos recém nascidos, um em cada braço em um eterno e poderoso abraço, como se tivessem nascidos juntos.
Ouviria a primeira palavra da Vivi que não pude presenciar.
Subiria mais uma vez na pedra de Anita e de lá contemplaria Laguna sob o forte sol.
Mergulharia na praia da Feiticeira em Ilhabela até perder o fôlego.
Abraçaria meu pai em comemoração ao meu ingresso na Faculdade em 1991.
Beijaria minhas avós. Ambas, uma de cada lado e as apertaria tão forte quanto o amor que por elas sinto.
Tomaria um café com meu avô André e o ouviria contar como minha bisa Isabel veio parar no Brasil por engano. Cavalgaria com meu avô Nicolau.
Andaria de bicicleta pela primeira vez sem rodinhas no prédio da Rua José Antonio Coelho.
Escorregaria em Rubião com meus primos em um enorme papelão até ralar a testa ou os joelhos.
Desceria novamente a ladeira do Bairro Alto em Botucatu no rolimã com meu primo Rafael.
Teria estendido aquela conversa que tive com minha mãe, a primeira e única, quando abri meu coração e chorei em seu colo.
Daria de novo o primeiro beijo no Dedi.
Receberia de novo a notícia da gravidez do William.
Andaria na praia de Itanhaém grávida de 6 meses, com meu pai em uma noite fria do mês de julho de 2004.
Iria dançar com a Palupi na Up and Down até as câimbras aparecerem.
Dirigiria para a casa da Cris com a Paola, pararia no Mc Donald´s e iria conhecer Manuela.
Dançaria com a Ofélia no acampamento de Jaguariúna.
Abriria meu primeiro carro e meu apartamento pela primeira vez.
Choraria no Cartório de registro de imóveis quando ganhei minha casa.
Veria da cabine do piloto, Salvador se aproximar.
Calçaria as pantufas do Museu Imperial em Petrópolis.
Sentiria o sol, deitada na escuna na Ilha de Itaparica.
Para terminar, ouviria as gargalhadas da minha irmã antes de dormir e minha mãe nos chamando a atenção.
Abraçaria aquela boneca e com ela seguiria para uma noite de tempestade, quando acordei e fui bater no quarto de meus pais. Meu pai levantou-se e me explicou sobre a chuva, sobre os trovões e pude dormir com sua voz ao meu lado.
Algumas coisas aconteceram e eu as reviveria, outras nunca aconteceram, mas se dependesse de mim, nesse dia, se realizariam.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

A vida é mesmo linda e o amor, seu melhor combustível.

Eram 17h quando pedi aos meus amores que fizessem silêncio, pois teria um importante telefonema a fazer.
Ao final da ação, fui à sala agradecer a colaboração.
Meus amores estavam abraçados como anjos irradiando uma luz imensa que só os mais sensíveis poderiam perceber. A luz do amor.
Eu os vi ali, criaturas por mim postas no mundo, mas que jamais me pertencerão. São apenas anjos que os Deuses me confiaram.
Os dois se abraçando e eu agradecendo à vida por esse maravilhoso presente da vida. Minhas vidas. Razões da minha, suporte e combustível para cada amanhecer, para cada compromisso assumido e desafio a superar.
Remédios para meus medos e anseios.
Luzes nas trevas de minha ignorância. Estrelas a iluminar as noites de insônia e preocupação.
Penso como sou feliz e abençoada por isso.
Lembro-me de mães do mundo todo que jamais saberão o que é isso. Mães que se recusaram a serem mães, abortando suas vidas e ceifando sua luz ainda em formação.
Penso ainda nas que cedo perderam suas vidas e chorarão eternamente uma dor que não tem cura. Mães como Marisa, Ana Maria, Silvia e tantas outras de quem a vida não teve compaixão e delas levaram toda a luz de uma existência. Abençoadas sejam todas as mães que perdem seus filhos e que os Deuses em sua infinita bondade saibam compensar.
Que este amor que sinto seja para sempre o combustível da minha vida, pois sem ele, não seria capaz de existir nem de viver.
Amo vocês meus tesouros. Para sempre. Mais que posso.

~*~ Yanni - Sacred Ground ~*~

terça-feira, 21 de outubro de 2008

A Caixinha




Acho que poucos sabem o amor incondicional que tenho por caixinhas de música.
Quando eu tinha uns 8 anos, ganhei de minha avó Rosa uma caixinha linda comprida que percorreu um longo caminho até ser embalada e virar meu adorável presente de Natal.
Muitas vezes eu olhava seu mecanismo para ver se aprendiar a fazer.
Quantas e quantas vezes eu dava corda na coleção de minha mãe quando ela saía para trabalhar.
Uma vez, quando criança, na extinta SEARS (no Brasil) eu vi uma de prata com a tampa em madrepérola toda trabalhada.
Curiosa, dei corda, abri e meus olhos verteram lágrimas de emoção.
Tocava "Thara´s Theme". Quem me conhece, sabe que esse é meu filme favorito.
Minha mãe não pôde comprar. Era caro demais, como todo produto importado naquela época.
Eu devia ter uns doze ou treze anos.
Lá pelos anos 80 e muitos, fui trabalhar na loja Sunny & Candy.
A loja era repleta delas. Eu dava corda nos bonecos e caixas, procurava a música favorita de meus clientes. Aquele lugar era um paraíso para mim.

A magia deste apetrecho é muito forte para mim.
Pudera ter todas as músicas que amo dentro de caixinhas coloridas.
Uma coleção imensa. Em todas as cores e formatos, vindas de todas as partes do mundo.
Hoje, estava lavando a louça e preparando o jantar.
Dedi chegou, pediu para que eu lavasse e secasse minhas mãos. Ele tinha um presente.
Fiquei triste, pois não havia me lembrado de nosso aniversário de namoro dia 11.
Sequei minhas mãos, abri o pacote e dele retirei uma lata de biscoitos.
Pensei: ok, uma lata de biscoitos.
Ele, mais ansioso que criança, pedia para que eu olhasse embaixo da caixa.
Dei a primeira volta na corda e ouço os acordes de "When You Wish Upon A Star".
Comecei a chorar. Inevitável.
Música de infância, objeto de infância e na frente da lata, a Sininho. Personagem de infância.
Voltei mais de trinta anos em um único gesto e chorei de emoção.
Emoção pura de criança que descobre dentro do pacote, aquilo o que mais queria.
Logo abaixo tem uma fotinho dela. Retirada do site do fabricante Jacobsens Bakery, da Dinamarca.
Se o fabricante e o importador soubessem o que representou para mim, trariam uma dúzia, todas diferentes que eu certamente faria a coleção.
Obrigada amor, por essa emoção tão linda que senti hoje.
Te amo!

A Caixinha

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

E assim aconteceu...(atendendo a pedidos)

Meu carro havia sido destruído por um motorista incauto do Colégio Dante Alighieri. Ele simplesmente decidiu que iria da segunda faixa da Alameda Santos para a Alameda Campinas comigo junto.
Eu, em meu Fiat Uno Mille, surtei!
Sem carro, ia de ônibus para a agência onde trabalhava em Moema. Meu carro no concerto, eu no terminal Ana Rosa, ouço um feminino “Billy”. Quando me chamam assim, volto uns 20 anos no mínimo.
Era a Adélia. Uma fofa que estudou comigo e que fora por anos namorada do Denis. Mas isso já é outra história. Sei que durante todo aquele dia eu me lembrei da turma de 88 no Benjamin Constant.
Trocamos figurinhas, falamos sobre o passado e sobre o que o tempo fizera conosco.
Entro no ônibus, trabalho e volto para casa pela primeira vez na vida, direto. Sempre saía e dava uma “esticadinha” com as amigas.
Naquele dia, parecia que o universo não desejava isso e me fez passar a chave na porta de casa pontualmente às 20h quando tocava o telefone.
Atendi no desleixo, sem vontade e ouço um “Billy, adivinha quem está falando?”.
Esse telefonema foi o bater de asas da minha existência nessa vida. Foi o grande efeito borboleta.
Era o Dedi me convidando para tomar um suco no Barnaldo.
Lá fui eu. Tomamos tudo menos suco.
Falamos do passado, demos risada. Fomos até o Tatuapé em busca dos amigos e naquela madrugada do dia 11 de outubro de 1996 enquanto Renato Russo morria, eu renascia nos braços daquele que seria o grande amor da minha vida.
Fico imaginando quantos efeitos borboleta ainda mais acontecerão comigo. Sim, porque tudo em minha vida parece a Lei do Caos. Não o Caos como forma negativa de eventos, mas como transformação...
Desse bater de asas, vieram muitos outros bateres.
Dessa pequena borboleta, geramos muitas lagartas. De dois amados filhos a projetos que temos juntos.
Comento hoje com uma grande amiga que sinto-me incomodada com tanta dependência. O incentivo, o apoio, o diálogo que parece inevitável ante qualquer ação. Parece que se não puder dividir com Dedi, a coisa não funciona.
Quero registrar o quanto sou feliz e o quanto amo e admiro esse homem maravilhoso que fez minhas borboletas baterem asas e transformarem minha vida na mais completa alegria.
Um homem que admiro pelo simples fato de existir, me compreender e me amar.
Sinto que muitas vezes peco pela minha ausência, mas sinto que ele não se importa e me ampara seja em que momento for.
Realmente, amor não é para uma vida só. É para muitas...

yanni - Nightingale (live)



Para o Dedi.
Te amo! Mais que posso!

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Ao vencedor, as batatas

Comecei a semana com aquele gás que sei ter de buscar só os Deuses sabem onde.
Agendei todos, eu disse TODOS os meus compromissos para a manhã. Tudo isso porque a Batatinha está em época de provas e o Batatão tem saído cansadão do Colégio.
Programei para que todos os meus trabalhos que exijam concentração, ou presença fora do escritório fossem feitos na parte da manhã, para que à tarde pudesse estar presente em casa. Fui uma heroína.
Você sabe o que é fazer um cliente acordar mais cedo, porque você o convenceu de recebê-lo em horário incerto, mas para A PARTE DA MANHÃ impreterivelmente? Sabe usar seu poder de persuasão? Sabe os riscos que corre?
Pois é.
Eu, mesmo sabendo de tudo isso, rebolei e virei a agenda.
O que ganhei? Me digam. O que foi que eu ganhei? As batatas.
Pois é. Minha Batata vai ficar amanhã o dia todo na casa da amiguinha para comemorar o aniversário dela e o William tem a festinha do amiguinho no Colégio à tarde, o que o fará sair mais tarde ainda.
Talvez o nome deste post não combine, pois fiquei sem as batatas. A tinha e o tão.
Fiquei.
Sobrei.
Remanejar a agenda agora? Não dá. Meu poder de persuasão é muito forte e meus clientes todos convencidos essa semana...
Dancei.
Ao vencedor, as mandioquinhas.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Victoria todos os dias

Os olhinhos se abrem todos os dias às 6h30.
Enormes cílios que mais parecem ser postiços, tamanha perfeição.
Esfrega-os demoradamente e diz que não que ir para a escola.
Mas vai.
Arruma-se demoradamente e fico ali, vendo-a crescer a olhos vistos e de forma tão rápida que meu coração de mãe dispara.
Penteia os lindos cabelos negros que fazem a perfeição de sua pele e olhos incrivelmente claros. Gestos delicados, mas firmes completam a manhã.
Poucos beijos na mãe. Sinto que serão cada vez mais escassos, diferente do avô que os recebe cada vez mais. Lá vai ela. Linda. Perfumada e maquiada no auge de seus 10 anos, acreditando em tudo e em todos. Com um coração tão puro que poderia ser transparente.
O amor como acessório de uso diário e distribuído em abundância.
A casa fica em silêncio.
Chega a hora de pegá-la na escola.
Despedidas, beijinhos e abraços nas amigas, um aceno tímido aos meninos.
Ela é luz! Não há melhor forma para defini-la que não seja: luz.
Tagarela como foi o dia. Não almoçou porque não come ovos, nem verduras, nem legumes, nem...
Vejo-me nela. Será que eu era assim? Acho que não tão perfeita e amável e adorável e linda, mas uma criança pura de sentimentos e amor.
Quem dera nunca crescesse e ficasse sempre ao meu lado. Sei que o tempo a levará embora, mas enquanto puder, a reterei em meus braços e direi do amor que sinto.
Hoje fez trabalho na casa da amiga e lá ficou toda a tarde. O silêncio dói. Pude até trabalhar...!!!
Preferia ter sido interrompida.
Ela tenta entender meu mundo. Dá até dó. Faz um esforço imenso para compreender meu comportamento, mas em vão.
Queria poder explicar a imensidão de meus atos, mas ela só irá entender quando todo esse processo mãe e filha se iniciar em sua vida...gerando um novo ciclo, de novas manhãs e de mais uma Victoria, todos os dias.

Quedate com Dios

Ela não sabia mais o que fazer.
Seu mundo crescera depressa demais para que os outros a acompanhassem.
Era como se o progresso e a industrialização acomodassem em seu pequeno vilarejo e só ela pudesse compreendê-lo e aceitá-lo.
Eis que ela renasceu como Fênix das cinzas e tomou as rédeas de sua vida.
Abriu os braços para todas as oportunidades, mesmo que lhe gritassem ser perigoso.
Eis que ela se viu no cume da montanha mais alta, abrindo os braços para o vento e expondo seu rosto ao sol, na mais completa sintonia com o universo.
Ela se libertou. Pôde compreender que seguiria para onde os ventos sopravam e não mais para onde as bússolas diziam ser o Norte.
Preferiu acreditar e sorrir, a lamentar e se amuar no canto de sua vila.
Preferiu transpor as fronteiras que mapas nenhum no mundo todo puderam e poderiam desenhar. Seu espírito estava livre de tudo o que a acorrentava.
A caminhada seria longa, mas jamais a intimidaria o fato de cansar-se.
Iniciou sua jornada rumo ao que o coração lhe dizia. Na verdade, uma voz de Mãe Manuela, como música a repetir-lhe nos ouvidos: “quedate com Dios” e foi.
E quedou-se. E foi feliz. Ou seria para sempre, pois a jornada seria eterna. Soube disso quando se libertou. Apenas parou para descansar e quase perdeu o ritmo dos passos, retomados no meio da vida. Dessa vida.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Rosa e Leontina

Que fique claro, "para mim", definitivamente, a escolha do nome de minha empresa.
Venho conversando com advogado (da família), parentes e até amigos que questionaram isso. Para mim, inquestionável.
Diante de tantas nomenclaturas bizarras de empresas que mal sabem dizer a que vieram, nomes estrangeiros, sem sentido e vãos, explico:
Rosa, avó materna. Uma mulher com cerca de 1,50mts, cabelos loiros, lindos olhos azuis que me mimou até que eu estivesse totalmente estragada, fazendo por mim, o que não fazia pelas filhas e demais netas. Uma mulher extremamente forte, batalhadora, decidida que tanto admirei e amei ao longo dos 16 anos que convivemos.
Leontina, avó paterna. Uma mulher que pouco conheci, mas que me deu o melhor pai do mundo. Era linda, com cabelos ruivos e um tímido sorriso de poucas fotos que vi.
Soube como poucas educar os filhos, dona de uma distinção e classe indiscutíveis.

Duas mulheres que encabeçaram minha linha da vida e com as quais tenho um laço de amor eterno que, enquanto viver, será forte e próspero.

Duas mulheres que tiveram histórias de vida marcadas a ferro por muitas situações que viveram. Alegrias e tristezas. Medo e insegurança dos dias que passaram por aqui.
Mulheres, acima de tudo e antes de mais nada.

Mulheres a quem devo a honra de homenagear. Pelo meu amor, porque sou sim, muito grata. Porque as tenho como anjos de proteção e um colo virtual para voltar e para onde sempre volto desde que me conheço por gente, em um revezamento constante dos apelos que faço, e como os faço!

Rosa : (grego) Rodha, a flor.
Leontina: (latim) Leoa, brava, destemida, feroz.

Assim como posso ser branda e cálida, também tenho meu lado brava e feroz.
Assim como cativo e amparo, também posso destruir.
Assim como há o dia, também há a escuridão da noite e, como para mim, tudo no universo é equilíbrio, bem-vinda ao mundo Rosa e Leontina Comunicação, Marketing e Consultoria Empresarial Ltda. Nascida sob o signo de Leão e tendo pela numerologia, o número 3, das comunicações.
Sim, minhas queridas, até nisso vocês me darão sorte e me protegerão do ostracismo.
Amo vocês.
Sua neta.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

With an Orchid

Para minha tia Rose...
Até breve. Obrigada por tudo.


Tia Rose

Então você se foi e levou todas as suas memórias e o livro que tanto quis ler sobre a família.
Então você se foi e levou as canções que menina entoava aos pés do ribeirão enquanto ensaboava as roupas...
Este mundo nunca foi bom para você. Nunca você foi feliz. Os deuses a privaram de tanto e tanto você nos deu.
Meus sábados em sua casa estudando matemática, seu frango com polenta, seus puffs de couro, sua infinita sabedoria e paciência. Seu fluente francês e português. Sua risada...

Vai querida. Liberte-se desse mundo que jamais soube compreendê-la. Jamais soube respeitá-la e lhe devolver todo o bem que fazia a ele.

Sentirei saudades. Muitas. Queira muito que tivesse corrido com meu filho e lhe mostrado as coisas mais lindas da vida como sua tia avó mais querida.
Vai meu amor. Daqui fico, por enquanto aos prantos, mas a dor passa, pois sei que suas fases pupa e crisálida tiveram fim e agora pode admirar suas belas asas de borboleta.
Vai minha querida e tenha sempre esse amor imenso que por ti sinto, irradiando uma vibração eterna para o momento de nosso reencontro.

Te amo.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

As ruas vazias

Sábado, 7h da matina.
Acordei aos sobressaltos. Havia sonhado com minha tia Rose, com câncer e em fase terminal sozinha em Botucatu.
Precisava vê-la. Meu marido, sócio, parceiro e cúmplice, o melhor do planeta, diga-se de passagem, concorda com um sorriso amarelo, mas sempre pronto para me agradar, em me levar para a cidade de infância.

A mala do Dudu estava pronta. Vivi ainda estava em SP com os avós.
Juntei uns trapinhos e fomos. 2h30 de viagem...Marechal Rondon...um horror.
Chegamos por volta das 11h. Segui direto ao cemitério para “visitar” meus avós e tios.

Como é bonito o danado. Tem muita história ali. Pode parecer mórbido, mas adoro passear em cemitérios. Não gosto de enterros, mas de ir ao cemitério.
Olho as lápides e sua arquitetura divina. As datas, fatos históricos e a paz que há nesse lugar.
Anoto umas coisas, vejo outras e, claro, me entristeço. Sinto muita saudade. Sou irremediavelmente nostálgica.

Saio dali e o Dedi pergunta para onde vamos.
Não sei. As ruas estão vazias daqueles que amei. De minha tia Carmo, de meu tio Chaim, de meu amigo Pedro. Não há aonde ir nessa hora.
O tempo passou e a cidade não me recebe com a mesma euforia que antes. Sinto-me só em meio aos 90mil habitantes.
Para mim, as ruas estão dolorosamente vazias.
Eu chegava à cidade e ia direto para a casa da minha tia. Escancarava a porta da sala, jogava a mala em qualquer canto e corria para a cozinha, onde ela certamente estaria preparando os quitutes árabes que mais amava comer.
Ali, a me esperar, sorrindo. Abraços, beijos e só. Ela era única. Sentava-me à cozinha com ela nas tardes preguiçosas do verão e falávamos sobre o passado. Adorava suas histórias e como as contava bem. Ela caprichava nos detalhes. Eu, admirando sua boa memória, me deleitava com tanta informação de sua infância e, claro, de minha mãe também.
“Menininha!”, dizia ela. Que delícia. Quanta saudade.
O pranto invade e é impossível lembrar-me dela sem chorar.
Discutíamos política e ela nos tratava como adultos, embora sobre esse assunto fôssemos totalmente leigos.
Eu a amava como uma terceira mãe. A mãe das férias, das estripulias, da bagunça e da liberdade não vigiada.

Visitei minha tia Rose, vi minha tia Esmeralda, meu tio Fauzo, tia Nice. Minha prima e sua filhinha, mas ainda assim, as ruas estavam vazias.

Saímos da cidade às 3h da tarde. Pude ouvir sua risada, mas tive a certeza que não voltaria ali por muito tempo. Uma certeza muda, reforçada pela sensação das ruas vazias.

terça-feira, 22 de julho de 2008

In the morning light

Ouça essa música e leia o texto abaixo...

Free Willy

Abduzida da casa dos avós em São Paulo onde choramos e fizemos chorar pela partida, Vivi volta para o lar após alguns intermináveis dias de férias.
Teve que voltar por problemas familiares. Não sou carrasco não, viu? Não é que eu quisesse, mas a necessidade obrigava que ela voltasse...
As amigas no prédio (umas 15 ao todo) e mais novos vizinhos que, para minha surpresa são filhos de uma grande e querida amiga que fiz por aqui brincam animadamente no parquinho. E lá estão meus tesouros, tentando se enturmar.
Bolas para cá, bicicleta, correria, risos e...lágrimas.
Minha princesa entra aos prantos.
“Mãe, eu nunca mais vou brincar...”
Eu, claro, sei o motivo. As crianças malvadas dos apartamentos superiores a chamam de Free Willy.
Tento fazer com que ela entenda que a “baleinha” do filme é legal, mas em vão.
Mais lágrimas. Eu a tirei de um universo só dela onde é tratada com o maior amor do mundo onde nem eu consigo alcançar e demonstrar tanto; para isso. A dor da realidade e das piadinhas maldosas. A maldade humana em sua mais cruel face, a da infância, quando estamos sozinhos e tudo o que pedimos aos céus é apoio e compreensão. Uma necessidade visceral de reconhecimento e incentivo.
Abro meus e-mails. Penso.
Ajusto um anúncio que preciso enviar à revista e penso.
Minha vontade é sair aos berros, catar os pirralhos pelo pescoço ou pelo elástico de suas roupas íntimas e estrangular cada um que fez meus lindos olhos verdes verterem-se em lágrimas dolorosas e sofridas. Penso mais.
Recorro aos céus e imploro uma luz.
Placidamente, como se não fosse eu, levanto do escritório e abro a varanda. É...não sou eu, deve ser minha gêmea calma que mora em mim e, contrariando as leis da física, dividimos o mesmo espaço...
“oi meus amores!!!” digo aos pestes que brincam no parquinho. “a titia pode falar com vocês?”
Nessas horas vejo o quanto sou RP. Converso numa boa com os fedelhos, os elogio, agrado e peço para que parem de machucar meu tesouro. A primeira sempre é na boa. Tem que ser.
Como diz minha sábia mãe “pega-se mais moscas com mel que com fel”. Assim fiz.
“tá bom tia” e “é tia, desculpa, você tem razão” e lindos sorrisos banguelas e com fedorentos aparelhos ortodônticos se mostram para mim e sinto que minha fada, pode voltar a voar no parquinho...ela agora está segura. E ela vai. Volta a sorrir e vejo mais um arranhão em sua alma. Não vai mais doer, mas estará eternamente ali. Não posso protegê-la do mundo.
Segura estava em meu ventre, mas inventou de sair...que posso fazer? Tentar amenizar seu lamento...é tudo o que posso fazer. Impedir que cortem suas asas ou que as machuquem demais e a impeçam de voar...

domingo, 20 de julho de 2008

Eu odeio o amor

Odeio amar e ser tão escrava de um amor que é a maior frustração do ser humano.
Como diria Chapplin “é a mais bela das frustrações, pois está acima do que se pode exprimir”
Odeio o sentimento de ausência, a dor e a angústia que ele causa.
As despedidas e a alegria que o amor ceifa em sua mais profunda essência.
Odeio as lágrimas que o amor causa. A imensa dor que não tem consolo, não tem cura, sequer alívio ou anestesia.
Ele corta a alma. Vai ao âmago e destrói implacavelmente.
Eu odeio amar tanto e tantos.
Odeio amar tanto. Odeio, odeio.
O amor é a pior sensação dos mundos. A pior doença, o pior sentimento.
Ele nos toma, nos leva e nos destrói, pois estamos muito abaixo e é imenso seu poder de destruição.
Eu odeio amar, mas amo.
Amo com todas as forças e me corrói tanto sentimento.
Odeio que o amor que sinto, cause tanta dor àqueles que amo.
Odeio que amor que outros por mim sentem, os destrua também.
Não devia existir. Não devíamos nos apegar e amar tanto. Para que? Esse sentimento é masoquista, sádico. Fará-nos sofrer imensamente e por anos. Por vidas encarnados sempre ao seu dispor e a ele subjugados eternamente.
Não suportei suas lágrimas. Para mim, foi a cena mais desesperadora de toda a minha vida.
Jamais suportei ver aqueles que amo sofrer, ainda mais por amor, mas você. É pior ainda.
Senti-me incapaz, frustrada e negligente, odiando muito o dia em que decidi me separar de você e seguir para o interior rumo a uma nova vida, mas destruindo a mim mesma, sem saber o que no futuro sentiria ou causaria por sua ausência.
Me perdoe. Perdoe essa falta de tempo e esse amor imenso que sinto e que tive de dividir com as crianças pois era insuportável carregar sozinha.
Perdoe-me minhas lágrimas e tanto amor. Perdoe tê-lo cativado e ser eternamente responsável por você.
Suas meninas partiram chorando. Vivi sofrendo e eu odiando tanto amor que sinto e tanta dor que lhe causamos.
Perdoe-nos por te amar tanto e termos te privado de uma dose diária, enviando tudo de uma só vez, quando estamos juntos.
Então vi tuas lágrimas. Nunca antes vista e que me desolaram profundamente. Me perdoa.
Perdoa minha impulsividade, por fazer as coisas de forma tão impensada. Saiba que também sofro, e muito por cada uma delas. Hoje vi o quanto elas me custaram e custarão por toda a minha vida.
Hoje vi o quanto minha atitude custou caro e quanto mais caro ela ainda custará.
Então veio o silêncio. Como ele me é insuportável. Desejei muito poder voltar a ser criança e não precisar nunca mais tomar decisões sérias. Só as pequenas como se brincaria de pega-pega ou não ou se pentearia meu cabelo para a esquerda ou para a direita.
Por isso acredito em reencarnação. O amor é grande demais para em só uma vida podermos sentir e demonstrar. Ele é eterno, disso sei, mas acho que nos toma aos poucos, pois sua dose de uma só vê nos mataria.
Prometi, um dia, a mim mesma, jamais me arrepender do que faço e sim do que deixo de fazer, mas hoje vi que as melhores atitudes a se tomar são aquelas que jamais nos afastarão daqueles a quem amamos. Somente dessa forma não nos causarão arrependimentos.
Eu te amo.

Mosquito

segunda-feira, 30 de junho de 2008

A mala

Acordamos cedo no sábado, mesmo sabendo que o Denis teria reunião em Jaguariúna, e que seguiríamos para São Paulo somente à tarde.
Vivi, ansiosa, dava os últimos retoques em suas malas e sacolas. Eu resolvi ver o que tanto ela havia colocado na mala.
Tirei a "bigorna" do chão com muita dificuldade, colocando-a em cima da cama no quarto dela.
Pude sentir o estrado gemer...
Abri a dita cuja e, nossa!!! as roupas pularam ejetadas, de encontro ao espaço que teriam fora da mala...
Vasculhei meio por cima, pois se eu tirasse tudo, demoraria umas 4h para refazê-la.
Impressionou-me a quantidade de pijamas e camisolas disponíveis no artefato:
contei, um dois, três, ali socadinho do lado, quatro, cinco, peraí, puxei um pedaço de calça azul, seis...nossa, tinha camisolas também...umas quatro ou cinco.
Arranquei tudo e decidi rever, pelo menos, este item.
Pijamas das mais variadas cores, modelos, estampas, padronagens...um desfile para a noite do pijama...para a noite da camisola, as opções também eram muitas.
Um frio desses e minha pequena coloca as lindas camisolas de alcinha bordadas e com rendas...
Meu Deus!!!!
A mala, refeita (apenas neste item, deixo claro), fechou um pouquinho mais fácil, mas ainda assim o ziper estava emperrando...abri a dita de novo.
Toda, eu disse TODA a coleção de biquínis enroscavam-se nas blusas de lã, cacharréis, cachecóis, calças jeans, de moleton, de sarja, de veludo...
Imaginei que ela não esta indo para a praia e sim, para a semana de moda em Paris...
Ou então, que preparava um extreme make over em seu guarda-roupa ou iria participar daquele
programa: esquadrão da moda...
Os biquinis deixei na mala...vai que um não servia, o outro não combinaria com a canga...ela iria me matar, ou pelo menos pensar muito mal de mim.
Olhei o "baiacú" e decidi, finalmente e definitivamente fechá-lo, não sem antes colocar umas quatro jaquetas...criança, sabe como é, nunca se preocupa com isso e mãe, é mãe...
Quando desci a bigorna de novo, ela me entrega umas quatro bolsas extra contendo em uma, apetrechos de toilet, em outra, calçados...mais a bolsa de mão com o celular, baton, dinheiro, etc, etc, etc...
Descemos para a garagem para acomodar a bagagem no carro, correndo o risco de sobrecarregar o elevador...empurra, soca, ajeita, vira, torce, coube tudo...ufa!
Abrimos a porta da garagem e ouço um:" ai, eu não acredito..." seguido de um choro sofrido e desesperador.
Victoria havia esquecido o carregador de celular, um perfume, o io-iô e outras cositas...
Engatei segunda marcha e seguimos para São Paulo, sem pensar em voltar para pegar mais nada.
Vai que ela inventava de fazer outra mala...

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Eu fico aqui...

Eu fico aqui.
Arrumando sua mala,
Esperando você partir
Um mês de férias na casa do vovô
o quarto fechado
O silêncio da TV
O banheiro arrumado...

Eu fico aqui.
As horas não passam
A ausência corroe a alma
O sentimento, de morte
De ausência

Eu fico aqui
Ouvindo você dizer
"Ai mãe, é só um mês"
Um mês tem 30 dias
720 horas
43200 minutos
2.592.000 segundos
intermináveis

Eu fico aqui,
esperando o momento em que paro
De ouvir sua voz
De te chamar a atenção
De dar um beijo,
Um abraço
Um apertão

Férias são para mim tortura
Ausenta quem tanto amo
Fico amputada e muda
Jogada no canto da solidão

Voa minha fada
Você não veio ao mundo
Para ficar amarrada comigo
Você é do mundo e a ele pertence
Eu?
Eu fico aqui
Esperando teu regresso
Contando as horas no soroban
Feito com clips de papel

Já estou com muitas saudades
Mamãe
Que vai ficar aqui...

quinta-feira, 19 de junho de 2008

O spilisteixion

Dudu entra no meu escritório, sempre atrás do pai, que acaba de chegar em casa, exausto, após uma “chegadinha” em Joanópolis.
“pai, vamus jogar spilisteixion?”
“o que Dudu?”
“spilisteixion, vamus”
O Playstation fica guardado com o maior cuidado do mundo. O Dedi ganhou de um colega de trabalho e se recusa a deixar alguém mexer (dedinhos pequenos) em sua ausência.
“peraí Dudu, deixa só eu conversar um pouquinho com a mamãe”
O garoto começa a mexer em tudo no escritório. Corre para cá, pra lá e volta:
“pai, vamus jogar...vamu pai”
“vamos lá. Amor, peraí que eu vou lá com ele...”
Dedi sai do escritório e eu volto à labuta.
Em cinco minutos começa a gritaria, as risadas...
O garoto consegue jogar os carrinhos em uma atividade insana, para mim, que não curto esse tipo de jogo.
“põe o carro amarelo pra mim, pai?”
Particularmente, só gosto que joguem no final de semana, mas, quando o William cisma com uma coisa, sai de perto...
Fecho o escritório e vou para a cozinha preparar o jantar ou algo que o valha.
Os dois, jogando spilisteixion na sala, divertem-se a valer.
Entra minha princesa de seus passeios de bike no parquinho do prédio:
“o que vocês estão fazendo?”
“jogando spilisteixion, ora” responde o pequeno com a cara mais deslavada do planeta.
Em dez minutos, ele cansa, porque seu carrinho amarelo bateu e ele não consegue “desenroscar” do guardrail.
“tó Vi, joga” entrega o controle para a irmã e sai da sala, indo mexer em outra coisa, atrás de mim, na cozinha.

Os sequilhos

Antes de preparar o jantar, dispo-me das últimas atividades de empresária e fecho o escritório pontualmente às 19h30.
A caminho da cozinha, passo pela sala, olho a mochila do pequeno e vejo se tem roupas para lavar, bolachas para jogar fora de tão murchas que ficam, balas para desgrudar, enfim.
Abro a agenda e vejo se comeu, se fez cocô, se dormiu, se deu trabalho...
Dentro da mochila, certa noite, encontrei um pacote com quatro sequilhos, uma fita azul e a receita.
Como o pequeno fica o dia todo no Colégio, à tarde é momento de recreação com as tias.
Eles pintam, brincam, assistem filmes, cozinham (daquele jeito para uma criança de 3 anos, né?).
Olhei o pacote e, claro, não mexi. Levei para a cozinha e ápós o jantar, pedi ao pequeno que contasse para o papai o que havia feito à tarde na recreação:
“ sisquilos” disse ele
“sisquilos? Que legal Dudu”
(Nota de Esclarecimento) : O “Dudu” deve-se ao fato dele, até os três anos incompletos, não conseguir falar seu nome: William. Saía algo como “duínha”. Daí o “Dudu”.
“éééééééé...sisquilos. toma, come!”
O Denis detesta sisquilos, digo sequilhos. Olhou para mim, com aquela cara:
“amor, come, ele está dando para você”
Como bom pai, ele começa a degustar a iguaria sob os olhos atentos e a mais fantástica cara de felicidade do “Dudu”.
“um...que delícia Dudu”
“qué mais? Toma!” disse o pequeno, entregando outro sequilhos para o pai.
A essa altura eu já servia um imenso copo de suco para ajudar o biscoito a descer. A Victoria ria que se matava.
“oferece para a mamãe, ela também gosta, para a Vivi...” disse o pai, desesperado segurando o terceiro biscoito, já com a boca seca, absolutamente sem saliva...
“não, eu fiz pra você!”
Eu comeria até se fosse m...depois dessa. Aquilo foi de uma emoção imensa. Ele guardou para o pai. Queria que apenas ele comesse. Justo ele que é de dividir, dá tudo para mim e para a irmã, por vezes até ficando sem. Ele é um poço de solidariedade.
Em silêncio, o Dedi comeu tudo, quase acabando com a jarra de suco, sorriu para o Dudu e agradeceu, emocionado.

Segue a receita:
Ingredientes
· • ½ xícara (chá) de manteiga
· • 1 ovo
· • 1 pitada de sal
· • 8 colheres (sopa) de açúcar
· • 1 colher (chá) de fermento em pó
· • 2½ xícaras (chá) de polvilho doce

Preparo da Receita

Pre-aqueça o forno à temperatura média (180ºC). Bata na batedeira a manteiga (reserve 1 colher de sopa), o ovo, o açúcar, o sal e o fermento por 3 minutos. Aos poucos, junte o polvilho e amasse com as mãos. Sove por 10 minutos, ou até a massa ficar macia, firme e bem lisa. Modele bolinhas e, com a ajuda de um garfo, pressione a massa formando sulcos. Coloque as bolinhas numa assadeira grande, untada com a manteiga reservada. Leve ao forno por 15 minutos, ou até os sequilhos dourarem. Retire do forno e, assim que amornar, desenforme com cuidado. Sirva os sequilhos com café adoçado com rapadura.

Dica para esta receita

A massa do sequilho deve ser muito bem sovada. Quanto mais for sovada, melhor será o resultado. O sequilho ficará leve e delicado.

Fonte receita: http://www.muitomaisreceitas.com.br

O cabo da panela

Meu marido é amigo há mais de 20 anos.
Sempre moramos na mesma rua em São Paulo com nossos pais.
Os prédios, um na frente do outro, em uma rua movimentadíssima no coração do Paraíso.
Brincávamos juntos desde criança.
Em 1988 nos reencontramos, após longa ausência, em um colégio na Vila Mariana e, estudando juntos, voltamos a ser amigos.
Um dia, por motivos bobos, brigamos e jurei que nunca mais falaria com ele.
Seus pais separaram-se, ele mudou para o Ipiranga e nunca mais nos vimos...por seis longos anos.
Quando o reencontrei, começamos a namorar e nos casamos.
Um dia ele me disse que a felicidade morava nas pequenas coisas. Pequenos gestos que o dia-a-dia e o cotidiano vão roubando de um casal.
Sempre preocupado com os pequenos gestos, para que não se perdessem em nossa rotina.
E lá se vão dez anos de não-rotina.
Noite dessas, ao fazer o tão amado “miojo” do pequeno, notei o cabo da panela bambo e, claro, perigoso.
“nossa Dede, olha o cabo dessa panela como está? Precisa levar à feira para ajustar...”
“é só apertar o parafuso”
“que parafuso?” pergunto eu, procurando o bendito dentro da panela. Loira é uma desgraça.
“por dentro do cabo...”
Olhei o bendito, escondido por dentro do cabo e tentei alcançá-lo, em vão, com a ponta de uma faca para apertá-lo.
Dedi pareceu não dar a menor importância ao caso.
Como bom geminiano, a hora é sempre depois. Nunca na hora, é a hora certa para fazer as coisas, sempre depois, ao melhor estilo Scarlet O´Hara.
Dois dias depois, peguei a mesma panela para preparar o molho e nossa: o cabo estava firme!!!
“amor, vc apertou o cabo?”
“fiquei com medo que se machucasse...”
São as pequenas coisas, os pequenos gestos que fazem com que sinta amor, compreensão e prove em nosso dia-a-dia que ainda nos preocupamos que queremos bem, que cuidamos.
Simples gestos de amor. Nada de ouros, jóias, diamantes, carros. Pequenos gestos que nos mantém alerta, viva e claro, amando cada vez mais.
Parece bobo, mas são esses pequenos gestos diários, que compõe um relacionamento, quem sabe, por mais 10 anos, mais 10, mais 10...

sábado, 14 de junho de 2008

Acordou no meio da noite sonhando que estava em outro lugar.
Perdeu-se por um instante, tentando identificar os objetos do quarto escuro.
Olhou o relógio, 2h30. O lado vazio da cama. O frio lençol esticado como se esperasse alguém. Alguém que não voltaria mais. Nunca mais.
Levantou-se devagar e pensou se deveria fazer isso e perder completamente o sono.
Sabia que se o fizesse sentar-se-ia na sala de estar aguardaria o amanhecer, sem sono, sem chão, sem vida.
Inerte corpo a esperar os primeiros e furtivos raios da manhã para mais um dia.
Calçou os chinelos. Fazia muito frio.
Chegou à sala de estar ouvindo as vozes de um passado remoto. Vozes de amigos, crianças gritando e o som da chave na porta.
Quantas vezes esperou ali sentada pelo momento da chegada dele do trabalho.
Cansado, contando como foi o dia e a praguejar com as vendas mal sucedidas, ou às vezes alegre e radiante com os elogios recebidos.
O silêncio da espera eterna.
Sentou-se delicadamente no sofá, como se temesse acordar os filhos.
Olhou para as fotos na estante. Anos de felicidade retratados em polaróide.
Imagens nítidas de anos felizes e momentos bons. E como eram bons...
Uma coruja anunciou o meio da noite e ela começou a chorar.
A saudade era uma sensação de eterna dor. Uma tortura sem fim que não tem cura. Não para e não diminui com os anos.

O relógio bateu três da manhã, depois quatro, quatro e meia.
Suas lembranças iam soltas pelo tempo, como se ele realmente não existisse...

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Ingrid Betancourt

Querida Ingrid,

Recebi hoje uma apresentação em power point contando sua história.
É lamentável o quanto fiquei alheia e hoje, depois de muitas lágrimas, pude compreender o que está acontecendo.
Percebi o quão desesperadora é sua situação e fiquei profundamente triste com o fato de que nada nesse mundo resgatará o tempo que está ausente da vida daqueles que ama.
Como mãe, compreendo sua dor, mas jamais entenderia, visto que é grande demais para suposições. Só quem sente pode entender.
Pedi aos Deuses que olhassem por você. Para que tenha coragem e se mantenha viva para o grande reencontro com os seus.
Acredite em Deus soberanamente para que não desista. Sua vida é precisoa e teus filhos e mãe a esperam.
Seis braços ávidos pelo teu abraço. Três vidas comprometidas com a sua por toda a eternidade.
Que o sol consiga mostrar-se forte o bastante para que acredite em cada amanhecer e que enquanto houver vida, haverá esperança, mesmo que essa palavra hoje, não faça sentido algum para você.
Que a Grande Mãe, possa acolhê-la em cada anoitecer e te proteger em meio à hostilidade que foi forçada a viver. Que você possa sentir Seu colo e suas mãos a acariciar-lhe os cabelos.
Que o tempo possa ser seu aliado e jamais seu inimigo, mesmo que hoje ele represente o papel do seu pior carrasco.
Lembra-se de cada gestação? Quando todo o Universo parecia modificar-se e sua vida ganhou novo sentido? Retenha-se nesse tempo em que você sentiu-se completa e realmente abençoada.
Sinta-se em um grande útero da Mãe Terra. Protegida e amparada.
Continuarei aqui, pedindo para que este pesadelo acabe e estendendo meus desejos à todos aqueles que partilham de teu calvário.
Fique em paz.
http://www.ingridbetancourt-idf.com/

quarta-feira, 28 de maio de 2008

pink floyd - what do you want from me

Just tell me what you want

As you look around this room tonight Settle in your seat and dim the lights Do you want my blood, do you want my tears What do you want What do you want from me Should I sing until I can't sing any more Play these strings until my fingers are raw You're so hard to please What do you want from me Do you think that I know something you don't know What do you want from me If I don't promise you the answers would you go What do you want from me Should I stand out in the rain Do you want me to make a daisy chain for you I'm not the one you need What do you want from me You can have anything you want You can drift, you can dream, even walk on water Anything you want You can own everything you see Sell your soul for complete control Is that really what you need You can lose yourself this night See inside there is nothing to hide Turn and face the light What do you want from me

terça-feira, 27 de maio de 2008

A tarde

Esse texto tem uma história muito antiga.
Eu o escrevi pela primeira vez na década de 80.
Em 90, ele foi reescrito, e mudei alguns nomes e algumas falas, pois nunca antes havia digitado o original.
Em 2001, ele foi publicado no Caderno Leitura do Jornal de Jundiaí.
Transcrevo não o original, mas como foi publicado, pela primeira vez.

A tarde
A tarde caiu sem que ele se desse conta.
Sentado em sua velha poltrona, passou a tarde toda revirando fotos, na ânsia de encontrar o que há muito havia perdido, suas lembranças.
Histórias engraçadas, tragédias familiares, tragicomédias, situações delicadas e embaraçosas que permearam sua vida de forma pitoresca.
Por vezes o riso, por vezes as lágrimas lhe dominaram as emoções daquela tarde tão fria e silenciosa.
O único som presente, suas lembranças sendo arrancadas bem do fundo das caixas de papelão tão bem encapadas por sua esposa... Que saudades.
Saudade é um processo sufocante, pois quanto mais a sentimos, mais ela aumenta até que nossa vida seja tomada por elas nessa mesma tarde...fria e silenciosa.
O registro de seu casamento com a impressão em relevo do fotógrafo. Nunca mais havia visto registro similar e pensou em quanto estava ultrapassado.
“Agora elas são digitais, pai, vão direto para o computador, não precisa mais desse monte de papel” explicou o filho em sua tecnológica sabedoria. O que serão desses momentos de recordação, dessa insana busca de lembranças, quando não houver mais as caixas de fotografias da família? Pensou indignado.
Laura, sua esposa, estava linda na festa de formatura do filho, o da tecnologia.
Ela sempre ficava bem de rosa; combinava com sua tez clara e seus olhos azuis...ah aqueles olhos ao lindos que por diversas vezes conseguiram, mudos, expressar o que ele jamais conseguiria enquanto escritor, fazer em palavras ditas ou escritas.
Novamente as lágrimas lhe tomaram a face e ele as rejeitou com seu lenço.
Olhou pela janela assim que o sol sumiu no horizonte, indicando que já se fazia tarde. Tarde demais para lembranças ou para levantar dali naquele instante e retomar sua vida futura não sua vida passada. Desanimou...
Ester, a filha do meio, sempre tão amorosa, mas há muito sumida. Ia ser bom revê-la, pois além das saudades não conhecia ainda os netos, gêmeos, nascidos no verão passado.
Apenas Ruth, a filha mais nova ele via com freqüência, mas ela não tinha mais paciência e viajava em seus sapatos reluzentes pelas ruas da cidade, sem tempo para o que era velho, sem tempo para o que não era do seu mundo...
As buzinas lá fora o avisaram que era hora do rush. Palavrinha complicada que ele demorou a entender. Em seu tempo isso não existia.
Olhou pela janela e viu que a noite já caíra por completo. Recolheu as fotos, uma a uma; enxugou as lágrimas novamente e esperou a campainha tocar em silêncio.
Fechou seus olhos e reviu cada filho seu lhe sendo entregue ali, na maternidade, quantas alegrias viveu e entendeu que não havia mais porque chorar.
Um carro à porta parou e ele sabia que era chegada a hora. Seu filho mais velho chegara para buscá-lo.
Era noite de Natal e pela primeira vez, ia estar só com seus filhos e netos, sem Laura, mas com a certeza de ter vivido plenamente, cada minuto lembrado.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

As emendas do feriado...




Acordei cedo. Sim porque só as crianças não teriam aula. O Dedi ia trabalhar, eu ia trabalhar, a Victoria foi dormir na casa da amiga e só ficaríamos eu e o William.
Olhei o pirralho às 6h30 da manhã de pijamas e meias na porta da cozinha.
Esse momento é só meu. Só quem vê acredita na magia dessa hora, quando ele fica minutos intensos no meu colo, quietinho, me beijando e abraçando enquanto acorda.
Quentinho. Um cheirinho de travesseiro de ervas, todo meigo. Um anjo.

Passam-se cerca de 20 minutos nesse dengo e SÓ!

Ele acorda.

Aí toma o leite, come a “binasguinha com mequeijão” (tente falar bem rápido), o leite com niskau (é o cau é caprichado). Depois disso, acabou a paz.

Corre para a TV, liga no Backyardigans, ou no Barney, seja o que for, corre no meu escritório, bagunça meus papéis, pega a chave do meu carro, sai correndo, entra no quarto da irmã, liga o cd player e a tv, liga (ou desliga) o meu notebook, corre para cá, corre para lá, se esconde atrás da porta da cozinha...grita “Bu” quando entro, me enlouquece.
Eu?
Eu em uma hora dessas já surtei. Já fiz todas as promessas à Santa Sahra para que ele se acalme e comece o dia como qualquer criança normal...Ufa.
Não sei como ainda preciso de remédios para emagrecer...nem sei porque pago academia...
Ele é Sagitário, uma flecha sempre lançada e sempre em movimento. Eu amo muito esse garoto, mas quando acaba o dia, sinto que apanhei do Tyson.
Tive que tirá-lo de casa. Fui à casa de uma amiga, que tem netos e já teve filhos capetas e me entende perfeitamente. Até acha meu guri o mais fofo do planeta.
Lá, tive que recorrer às palmadas. Ele arremessou minha carteira do outro lado da cozinha. Tentei convencê-lo a pegar e devolver no lugar, primeiro com a voz meiga (afinal, assisto as “Nanys” da vida, TODAS!). Depois a voz engrossa, nada.
Até que a ignorância fala mais alto e nem assim convence. Acredita?

A Vivi só sai da casa da amiga depois do almoço. Vc consegue imaginar quantas vezes ele me pergunta quando vamos buscá-la? Gosta de Shrek? Conhece o Burrinho?, pois é.
Mas ele é do sol. O astro-rei vai embora e ele parece diminuir a intensidade. Vai se acalmando, e aos poucos o silencio da casa vai imperando. Isso já se vão 9h da noite.
Amanheço mais um dia com um menino lindo, de pijamas e meias vindo me abraçar, ficar 20 minutos no mais perfeito chamego para brincar de aprendiz de terrorista até que o dia acabe, ou o próximo feriado chegue...ainda bem que agora só no Natal.

sexta-feira, 16 de maio de 2008


"Seus filhos não são seus filhos.
São os filhos e filhas da Vida desejando a si mesma.
Eles vêm através de vocês mas não de vocês.
E embora estejam com vocês, não lhes pertencem.
Vocês podem lhes dar amor, mas não seus pensamentos,
Pois eles têm seus próprios pensamentos.
Vocês podem abrigar seus corpos mas não suas almas,
Pois suas almas vivem na casa do amanhã, que vocês não podem visitar, nem mesmo em seus sonhos.
Vocês podem lutar para ser como eles, mas não procurem torná-los iguais a vocês.
Pois a vida não volta para trás, nem espera pelo passado.
Vocês são o arco de onde seus filhos são lançados como flechas vivas.
O arqueiro vê o alvo no caminho do infinito,
e Ele curva vocês com Seu poder, para que suas flechas possam ir longe e rápido.
Deixem que o seu curvar-se na mão do arqueiro seja pela alegria:
Pois mesmo enquanto ama a flecha que voa, Ele também ama o arco que é firme."
Khalil Gibran
Foto: Festa Dia das Mães no Colégio. Claro que chorei, se é o que quer saber.
Muito. Sempre, pois todos os dias me emociono e me sinto privilegiada pelas duas vidas que os Deuses me deram a confiar. Pelas duas flechas que de minhas mãos-arco, serão arremessadas.

SONETO CV

Não chame o meu amor de Idolatria
Nem de Ídolo realce a quem eu amo,
Pois todo o meu cantar a um só se alia,
E de uma só maneira eu o proclamo.
É hoje e sempre o meu amor galante,
Inalterável, em grande excelência;
Por isso a minha rima é tão constante
A uma só coisa e exclui a diferença.
'Beleza, Bem, Verdade', eis o que exprimo;
'Beleza, Bem, Verdade', todo o acento;
E em tal mudança está tudo o que primo,
Em um, três temas, de amplo movimento.
'Beleza, Bem, Verdade' sós, outrora;
Num mesmo ser vivem juntos agora.

William Shakespeare
Há certas horas, em que não precisamos de um Amor...
Não precisamos da paixão desmedida...
Não queremos beijo na boca...
E nem corpos a se encontrar na maciez de uma cama...
Há certas horas, que só queremos a mão no ombro, o abraço apertado ou mesmo o estar ali, quietinho, ao lado...
Sem nada dizer...
Há certas horas, quando sentimos que estamos pra chorar, que desejamos uma presença amiga, a nos ouvir paciente, a brincar com a gente, a nos fazer sorrir...
Alguém que ria de nossas piadas sem graça...
Que ache nossas tristezas as maiores do mundo...
Que nos teça elogios sem fim...
E que apesar de todas essas mentiras úteis, nos seja de uma sinceridadeinquestionável...
Que nos mande calar a boca ou nos evite um gesto impensado...
Alguém que nos possa dizer:
Acho que você está errado, mas estou do seu lado...
Ou alguém que apenas diga:
Sou seu amor! E estou Aqui!

William Shakespeare

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Os Tribalistas - Velha Infância

Victoria


Daqui há 14 dias, minha batatinha fará 10 anos.
Volto no tempo e penso o que teria acontecido com minha vida se ela não tivesse aparecido?
Vazia. Assim eu estava. Vazia e me perdendo no mundo, perdendo um tempo precioso de minha juventude.
O medo e a insegurança foram óbvios. O pavor de ter agido contra tudo o que consideravam certo.
Meu amor, enfim, tomava forma. Uma forma humana e viva.
Ele personificava na forma de uma mulher. Não poderia ser um homem, não para começar uma nova vida.
Ela tinha que se chamar Victoria. Por tudo o que vivemos quando ela estava na barriga. Por tudo o que passei quando ela nasceu. Por tudo o que ela enfrentou em seus primeiros sete dias na UTI neo-natal da Maternidade Santa Joana. Pelo muito que choramos, abraçadas uma à outra quando caia ao tentar andar, tinha medo do escuro, ficava insegura.
Pelo muito que sorriu quando ganhava um presente, quando caía um dente ou quando achava graça das minhas palhaçadas.
“Minha melhor amiga é o meu amor. Pra gente E a gente canta E a gente dança E a gente não se cansa De ser criança A gente brinca Na nossa velha infância...”
Uma fada a carregar em seus pequenos braços, toda a felicidade do mundo.
Uma borboleta, que com seu bater de asas criou o grande efeito em minha vida.
Não. Não vou mais pensar no que teria acontecido. Quero reter todo esse universo que criamos juntas para sempre comigo. Quero morrer amando, te admirando e torcendo para que sua felicidade seja imensa e não te caiba no peito.
Quero continuar vendo-a crescer e me encantar com sua beleza física e espiritual.
Quero ser para sempre seu porto seguro, sua nave-mãe, onde você sempre terá sossego, apoio e, principalmente, amor, diálogo e compreensão.
Obrigada por ser meu presente. Eu te amo, mais que posso. Para sempre.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Uma mulher - por Bruna Lombardi

Uma mulher caminha nua pelo quarto
é lenta como a luz daquela estrela
é tão secreta uma mulher que ao vê-la
nua no quarto pouco se sabe dela
a cor da pele, dos pêlos, o cabelo
o modo de pisar, algumas marcas
a curva arredondada de suas ancas
a parte onde a carne é mais branca
uma mulher é feita de mistérios
tudo se esconde: os sonhos, as axilas,a vagina
ela envelhece e esconde uma menina
que permanece onde ela está agora
o homem que descobre uma mulher
será sempre o primeiro a ver a aurora.

Lindo né?

Pausa para o desabafo

Por favor, me lembre de comprar um rímel à prova d´água para que eu não fique com essa cara desfeita que levei horas para arrumar.
Por favor, corrija-me se estiver enganada, mas a Terra parou de girar? Não, porque estou aqui há horas e nada parece mover-se.
Por favor, diga-me quem foi o fdp que disse que tudo o que vivemos e pelo que passamos está escrito em algum lugar e que concordamos? Não porque quero saber onde é, levar meu errorex e corrigir as partes que não escrevi, ou então falsificaram minha assinatura.
Por favor, informe quem prometeu um dia inteiro de sol em minha infância? Quem foi que disse que chorar faz parte da vida e que a angústia fortalece nossa alma que arranco a língua desse infeliz?
Permita-me jogar m. no ventilador. De forma polida, com classe, descer do salto, arrancar o batom e os cabelos, borrar o rímel em meu camarim.
Neste lugar eu sou a estrela. Eu sou o ser supremo que pode rebelar-se contra o mundo. Ali posso quebrar tudo o que construí ou me irritar por ter acreditado em tantas promessas e depois, sentar ao toucador e me recompor.
Ensandecer e renascer como Fênix para subir ao palco e receber mais uma vez os aplausos.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Os prazeres do mundo

A felicidade mora nas coisas simples.
O olhar da Victoria. O sorriso do William.
A vida a cada respiro. As batidas do coração e as manhãs quando abro meu olhos e vejo que está tudo ali, me esperando acordar.
A bagunça das crianças no fim do dia. O telefone celular para mais um contrato.
Falar com meu pai sobre as notícias do dia. Rever aquele filme que me faz chorar (todos fazem).
Abraçar o Dede quando ele chega do trabalho, cansado depois de horas na estrada.
Tocar violão. Ouvir aquela canção que te marcou a juventude. A trilha sonora da sua vida.
Abraçar minha mãe. Quem conhece esse abraço sabe que ele é único. É como se todo o amor do mundo coubesse entre seus braços.
Ser mãe.
Hoje me vejo com esse imenso prazer de ser mãe e ser filha. Daqui a uns anos, sogra e avó e se o tempo for generoso comigo, bisavó.
Acho que os filhos são o mais próximo que chegamos dos Deuses. É o grande prazer do mundo onde o tudo é muito pouco para definir.
O primeiro olhar, o cheiro, as noites sem dormir. O primeiro sorriso, o primeiro passo e a primeira palavra para ganhar o mundo e perder-se de mim.
Filhos são para sempre. Mesmo que tudo acabe e passe, filhos são para sempre.
Acordá-los toda manhã e vê-los despertar como flores, bem lentamente.
Ouvir seus choros de seus resmungos de criança mimada que têm tudo, mas jamais reconhecem. Brigar com a bagunça no banheiro, o brinquedo jogado na sala, o sofá Shrek pois parece mais um ogro, o que antes foi um lindo tecido laranja...
Os medos e inseguranças que a vida fatalmente lhes impõe e que não posso impedir. A tristeza que de repente lhes abate e não posso evitar.
O grande prazer do mundo é ter filhos, pois deles vêm todos os demais. A sensação de missão cumprida, embora saiba que para sempre terei nítida a sensação de que falhei em algo.
“Mãe não é gente. Mãe é mãe”, dizia meu primo Georges.
Aqui, minhas mães, um beijo a vocês, que souberam como poucas reconhecer os prazeres do mundo, ser filha e ser mãe:
Minha mãe Ilda. Minha doce e querida mãe que tarde compreendi, mas ainda em tempo para amar de forma plena
Minha mãe das férias e feriados Carmo (in memorian)
Minha mãe negra Guga
Minha mãe que mimava Lúcia (in memorian)
Minha Grande Mãe Rosa avó como poucas (in memorian)
Minha Grande Mãe Leontina, que não conheci, mas que sempre amei (in memorian)
Minha mãe Solange madrinha de batismo, que graças aos Deuses não se tornou minha mãe de fato, não por não ser boa pessoa, mas por ter significado que minha verdadeira mãe já não estaria mais comigo hoje.
À Mãe Manuela. Um espírito mãe que me ensinou o que vale o amor e, porque vale viver

À Grande Mãe. Não a última e nem a primeira. Aquela que sempre estará comigo e àquela que hei de sempre representar em Terra.
Obrigada minhas mães por fazer-me conhecer os prazeres do mundo: Victoria e William.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Traição

Me sinto uma traidora.
Traindo minha vida, traindo meu tempo, traindo meus desejos e minha busca.
Traindo aqueles que me amam, traindo meus pensamentos...
Traindo a maior interessada nisso tudo: eu.
Quem é mais traído?
Traio, quando não sigo adiante. Traio quando persigo um fantasma...
Traio, quando choro escondido, pelos meus traídos que desconhecem minha traição.
Traio, quando busco o inatingível e sinto o peso da culpa, de madrugada, quando meus traídos dormem.
Traio quando minha boca diz "não", e meu corpo todo implora pelo "sim".
Traio meu corpo quando meu espírito se liberta e vai ao encontro do objeto de minha traição. Ele, meu corpo, fica ali, inerte na madrugada repousando sobre o colchão, impossibilidado de ser cúmplice de meu espírito.
Espero pelo crime perfeito, quando corpo e espírito serão pegos e punidos pela minha traição.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Enlouquecendo

Ainda ontem chorei até dormir
Que situação é essa?
Que poder é esse que você tem de atravessar os portais do tempo?
Que luxúria e desejo emite sobre mim que me faz perder o sentido?
Que direitos tem sobre minha vida? Jamais a prometi a você.
Você já me teve demais. Por você já fui capaz das maiores loucuras.
Me deixe em paz. Abandone meus sonhos. Desça de minha cama, pule a janela do meu quarto e esqueça o caminho de volta.
Preciso lembrar que estou aqui e que não nos pertencemos mais.
Preciso me agarrar ao que tenho e não às ilusões que me ofereces.
Ou posso ou não posso ter você.
Busco no compasso das horas um momento para não pensar. Para me concentrar.
Tenho receio que jamais nos encontremos e, ao mesmo tempo, pensar em te encontrar me enlouquece.
Seria isso ?
Estou enlouquecendo em sua música e ouvindo sua voz?
E assim vou vivendo. Me encontrando furtivamente contigo quando durmo.
Quando os espíritos se libertam das amarras da carne, do que é certo e errado.
Nesse momento posso te abraçar, me libertar e enlouquecer completamente.
Queria ter só as noites por um longo perído para enlouquecer de vez ou te esquecer de vez.
Só um tempo. Só de noites. Onde poderíamos nos perder em nossa loucura.
Amo aquilo que não posso ter. Amo um sonho, uma fantasia.
Sim, aos poucos estou enlouquecendo...

Brooklin

Acordo e te retenho entre o rosto e o travesseiro.
Sei que essa imagem
Me acompanhará o dia inteiro
Não preciso mais da foto
Ou da noícia publicada
Sua face já está em mim gravada

Queria o cheiro
E também a voz
Um dia
Quem sabe
O calor dos braços
O odor do hálito
A textura dos cabelos

Eu preciso te entender
Saber o que fui e o que serei
Eu preciso te esquecer
Viver duas vidas é fora da lei

Não estou aqui em aí
Estou vagando displicente
Vou ao Brooklin, volto a Jundiaí
Vejo flashes do que fui
Projeto o que gostaria de ser

terça-feira, 25 de março de 2008

A pedra da praia de Anita

Estou sentada na pedra da Praia de Anita
Ali, em Laguna
A praia de Itapirubá, lembra?
A foto é de 89 ou seria 90?
Subi nas pedras para bater a foto.
Subi no pico para contemplar o mar.
Subi o mais alto que pude para conhecê-la
Anita
A guerreira de dois mundos
A mulher mito
Quebrou paradigmas
Rompeu com a igreja
Definiu seu destino agarrando o que queria
Viveu, sofreu, lutou, por amor
Assim quero viver e morrer
Amando
Cada manhã, cada praia e cada pedra de Anita
Pelas praias do mundo
Onde o mar segue até onde a vista alcança
Onde os sonhos podem voar soltos
Por sobre as ondas
Quero guerrear como Anita
Ter meu espírito gêmeo
Ser guerreira, mulher, amante, mãe
E nunca perder o fio da espada
Quero viver de forma plena
E lutar por aquilo que amo
Em muitas praias
Ao vento
Nos mundos de Anita

sexta-feira, 14 de março de 2008

Quero

Quero dizer que não estou morta
Que ainda estou aqui, atrás da porta
Que nunca fechou.

Meu silêncio é apenas para dizer: “me deixe em paz”
Esqueça que existo e tudo o mais
Me delete.

Culpe minhas atitudes
Cobre o que prometi
E nunca cumpri
Cobre minha palavra empenhada
Não valho mais nada
Jamais vali

Esqueça os bons e os maus momentos
Esqueça tudo o que construí.
Não me apóie
Me desobedeça
Me esqueça

Publicado em 03/10/2005 13:41

Sem título

Existe uma forma de me sentir plena, mas acredito não ser o suficiente para que meus instintos possam se revitalizar após anos reprimidos.
O tempo passa e as lembranças não se apagam de minha mente que escuta suas vozes a me berrar nos ouvidos palavras sem nexo e sem coerência no meio da noite.
A lua me fita orgulhosa de mais um dia poder por mim ser contemplada e meus braços se abrem para sua figura plácida e alva em meio à escuridão das trevas.
Minhas imagens no espelho comungam com aquela que fui e que jamais voltarei a ser.
Um passado esquecido que acorda nas madrugadas enquanto fumo um cigarro e decido o que farei assim que o dia clarear.
O dia clareia e nada do que planejo ponho em prática. Planejo, mas não executo. Dependo de tudo e de todos e esse ambiente morno, consome minha imaginação e meus desejos como línguas de fogo a penetrar na tenra madeira da lareira.
Queria muito poder decidir e agir, mas aguardo novas notícias, afinal, me propus a esperar que o ambiente se torne mais propício para que eu saia da toca.

Publicado em 03/10/2005 14:19

Obscuro

O olho sangra a visão do mundo obscuro.
Leio textos que não devia ler. Vejo imagens que não posso ver. Sinto o que não devo sentir, ou devo?
Descubro um universo obscuro e faço as pazes com meu lado negro.
Sangro e me desdobro em lágrimas e medo.
Tento escapar do ócio, do óbvio e do indolor.
Tento celebrar a vida, sem pensar na morte e em suas conseqüências.
Solto os cabelos, presos por toda a tarde, e os liberto para a noite que me espera.
Dispo-me de minhas virtudes e falsa moral para, nua, mostrar-me insana ao espelho da suíte.
Devaneio. Incendeio. Durmo.

Publicado em 05/10/2005 09:12

Escuto

Olho a vidraça recentemente limpa pelas mãos alheias
Esqueço o tempo em frente ao monitor
Perco a noção das horas, vivo a contemplar os dias
Que passam e não voltam

Sinto a oportunidade se aproximando e eu a me agarrar em
Seus cabelos como a conduzir as rédeas em um cavalo
Cavalgo na imaginária sombra do que me ditam
E meus dedos registram o que escuto

Textos, letras, contexto, significado.
Talvez o mundo dos sonhos. Talvez o mundo dos delírios.
Ainda assim, o mundo a que pertenço, embora saiba estar atuando em dois.

Publicado em 06/10/2005 12:16

Inteira

Meu corpo adormece
Em minha mente, imagens vão se formando
Como uma nuvem
Cores, aromas, toque
O real e o imaginário se confundem
Mãos
Olhos
A vida em dois planos
Essência de viver
Pouco ou nada sei de ambas
Vivo-as como se dependesse disso
Como se tivesse escolha, mas não tenho
Desperto aqui
Desperto lá
Acredito em tudo o que vejo quando durmo
Me alimento do que sinto quando acordo
Me divido
E por mais dividida que esteja, estou sempre assim
Inteira

Publicado em 25/10/2005 08:41

Depoimento ao Amigo Wauke

Neucy que me perdoe, mas te amar é fundamental. Amar cada papo, cada gesto em cada ato.Amar a essência e a aparência. A inteligência e competência.Amar o trajeto, por vezes incerto deste ser iluminado.Um cometa a rasgar o céu em noite estrelada e quente de verão.Uma rosa escarlate, exalando seu máximo perfume a inspirar os dias frios...Amiga eu hei de sempre ser deste ser único e, por vezes incompreendido. Um semi-Deus que mostra a todos o muito que sabe com a humildade de quem ensina. Te amo, te amo, te amo. (21/11/2006)

Céus

Quantas desventuras.
Acho que a montanha russa começou a despencar: não gritem garotos, já já ela volta a subir.
Estou em paginação. Montando as peças, quebrando o galho. Escrevo para não confundir meus lapsos com loucura absoluta.
Ponho para fora meus textos e minhas letras para acreditar que ainda estou viva, embora me sinta morta.
O telefone não toca, a porta ainda está fechada.
Acendo mais um cigarro, enquanto penso no desamparo em que me meti.
Acredito ainda que possa haver algo que eu ainda não tenha descoberto,
Acredito que anda possa me surpreender com tudo isso, sei lá virar a mesa, chutar o balde ou algo que o valha.

Publicado em 17/05/2007 17:43

Carlos Drummond de Andrade

"Definitivo, como tudo o que é simples. Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram. Por que sofremos tanto por amor? O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez companhia por um tempo razoável, um tempo feliz. Sofremos por quê? Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos, por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado, e não compartilhamos. Por todos os beijos cancelados, pela eternidade. Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo, para nadar, para namorar. Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender. Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada. Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar. Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um verso: Se iludindo menos e vivendo mais!!! A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade. A dor é inevitável. O sofrimento é opcional."

Publicado em 18/06/2007 19:43

Mário Quintana

Por favor, não me analiseNão fique procurando cada ponto fraco meu. Se ninguém resiste a uma análise profunda,Quanto mais eu...Ciumento, exigente, inseguro, carenteTodo cheio de marcas que a vida deixouVejo em cada grito de exigênciaUm pedido de carência, um pedido de amor.Amor é sínteseÉ uma integração de dadosNão há que tirar nem pôrNão me corte em fatiasNinguém consegue abraçar um pedaçoMe envolva todo em seus braçosE eu serei o perfeito amor. Publicado em 18/06/2007 19:43

Procuro

Procuro a nuvem negra que te cobriu o sol.
Procuro o hálito que te calou a voz.
Procuro a luz que te faltou no momento em que mais precisavas.
Procuro tua foto em cada impresso que leio. O teu crédito, o teu ser.
Amigo, fostes cedo demais para mim.
Procuro ainda teu telefone e sei que o tenho em folhas de agendas dos anos que se foram.
Procuro teu semblante no amontoado da torcida em todos os campeonatos.
Lá se foi mais um, no Guarujá e vc não estava entre os fotógrafos.
Te procuro, sempre, e me encontro contigo em sonhos e ali, ah meu amigo, ali podemos matar nossas saudades e preencher esse vazio que ficou com tua partida.
Procuro um amigo igual a vc, mas jamais encontrarei.
Saudades
Publicado em 18/06/2007 19:47

Ainda posts do blog antigo

Angus
Um encontro único e talvez eterno.
Havia muito tempo que precisávamos nos encontrar.
Farei com que seja único, mesmo que ele não dure, mesmo que isso nunca mais ocorra.
Nosso encontro, nesta vida, será o mais intenso. Eu prometo.
Prometo te proteger o mais que puder. Contra crueldades, contra o egoísmo e a maldade dos homens.
Prometo te proteger contra o descaso da natureza. Você saberá tua verdadeira Mãe em cada gesto meu. Observará meus passos e os seguirá.
Perpetuará minha vida em teu toque e teu sorriso.
Por mais que nos separemos, estaremos sempre juntos meu amado.
Eu prometo te fazer feliz. Tão feliz como nunca.
Terás em mim tua guardiã, assim como fostes o meu guardião durante séculos.
Em ti deposito meus poderes e minha força.
A ti confio o caminho que antes não quisera seguir.
Te resgato e te abençôo.
Hoje e sempre, meu amado.
I.

Pegando os posts do blog antigo...

Marla
Ainda sinto tuas mãos sendo arrancadas das minhas.
Ainda ouço teu choro e teu grito de medo.
Acordo à noite e te procuro.
Jamais permitirei que nos separem de novo.
Prefiro que me anulem, que me esqueçam.
Jamais vou me separar de você minha vida.
Sabes que nossa relação é precisa, única intensa.
Sabes que meu amor por vc é incondicional.
Tua ausência me fere a alma e me corroe o coração.
Sinto teu cheiro pela casa. Ouço sua risada.
Fico sem chão com o silêncio de tua ausência.
Sempre que se afasta , fico assim, como morta.
Anestesiada com minha solidão.
És única minha fada.
Te amo

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Carta para meus pais: família

Hoje o pai da Elaine foi operado…Correu tudo bem, ele está bem...

Tudo isso mexeu muito comigo e fico pensando se aproveitei todas as oportunidades que a vida me deu para dizer o quanto amo vocês.
Estou sentimental esses dias. Deve ser a idade nova...
Não escrevemos mais cartas. Mandamos e-mail. É mais rápido, mas tão frio. Não tem nossa letra. Não borramos mais a tinta com as lágrimas que insistem em cair.
Molhamos o teclado e os dedos...Sou melhor escrevendo. Me atrapalho quando falo. Prefiro a escrita... Herança, lembra?
Eu os amo muito e também faço fofoca de vocês todo dia. Mesmo que seja por um breve momento.
Agradeço aos Deuses por terem me dado vocês e por sempre poder contar com vocês.
A boneca japonesa. O formigueiro. A catapora. O limoeiro e o pé de Jaboticaba. As corridas de rolimã na descida da ladeira. O bolinho de chuva. As risadas. Os passeios de bicicleta, patins e o que mais houvesse no Parque do Ibirapuera. O teatro de fantoches na Praia do Flamengo. As manchas de mercúrio cromo. A cesta de pique-nique no clube. Os bolos decorados com a turma da escola. Os mais quinze minutos na porta da festa. As histórias ilustradas até tarde (para nós era).
O colo até o quarto quando fingia dormir no sofá. O boletim colorido mais vermelho que azul. As oportunidades, as segundas chances, o amor e o carinho. Os conselhos. A vida.
Tudo isso passa tão depressa. É impossível deter a alvorada e reter a areia do tempo. Mas é tão bom lembrar...Sentir essa emoção de novo.
Amo amo amo muito vocês e tudo o que são e sempre serão para mim e, por consequencia para meus filhos que ajudam a demonstrar esse amor que é grande demais só para eu sentir.
Incrível como as crianças sabem, sentem e demonstram amor por aqueles de quem sentem ser recíproco. Ele aumenta dia a dia.
Vivi chora de saudades. O William quer vê-los e pergunta todo dia onde vocês estão na porta da escola.
Isso é a coisa mais importante que temos na vida: FAMÍLIA.
Agradeço por sempre saber o que isso significa e não ter ficado à mingua. Pudera eu ter muitas crianças para mostrar o que isso significa. Não meus filhos, mas crianças que crescerão, viverão e morrerão sem jamais conhecer essa emoção.
O abraço da chegada. O beijo da partida. A saudade da ausência e a ansiedade do reencontro.
Que todos pudessem sentir o que sinto e ter o que eu sempre tive...

QUE DEUS OS ABENÇÕE SEMPRE!


Com todo meu amor...
Que jamais, em tempo algum, o teu coração acalente o ódio.Que o canto da maturidade jamais asfixie a tua criança interior.Que o teu sorriso seja sempre verdadeiro.Que as perdas do teu caminho sejam sempre encaradas como lições de vida.Que a música seja tua companheira de momentos secretos contigo mesmo.Que os teus momentos de amor contenham a magia de tua alma eterna em cada beijo.Que os teus olhos sejam dois sóis olhando a luz da vida em cada amanhecer.Que cada dia seja um novo recomeço, onde tua alma dance na luz.Que em cada passo teu fiquem marcas luminosas de tua passagem em cada coração.Que em cada amigo o teu coração faça festa e celebre o encanto da amizade profunda que liga as almas afins.Que em teus momentos de solidão e cansaço esteja sempre presente em teu coração a lembrança de que tudo passa e se transforma, quando a alma é grande e generosa.Que o teu coração voe contente nas asas da espiritualidade consciente, para que tu percebas a ternura invisível tocando o centro do teu ser eterno.Que um suave acalanto te acompanhe, na Terra ou no Espaço, e por onde quer que o Imanente Invisível leve o teu viver.Que o teu coração sinta A PRESENÇA SECRETA DO INEFÁVEL!Que os teus pensamentos, os teus amores, o teu viver, e a tua passagem pela vida sejam sempre abençoados por aquele AMOR QUE AMA SEM NOME.Aquele Amor que não se explica, só se sente.Que esse Amor seja o teu acalanto secreto, viajando eternamente no centro do teu ser.Que esse Amor transforme os teus dramas em luz, a tua tristeza em celebração, e os teus passos cansados em alegres passos de dança renovadora.Que jamais, em tempo algum, tu esqueças da PRESENÇA que está em ti e em todos os seres.Que o teu viver seja pleno de PAZ E LUZ

ATÉ QUE ISSO TUDO ACABE

Até que isso tudo passe
Terei mais tempo comigo
Ouvirei mais o som de minha respiração
Aceitarei o ritmo das batidas do meu coração
Entenderei meus próprios pensamentos

Até que isso tudo acabe
Escreverei aquilo que gosto
Lerei aquilo que quero
Ouvirei aquilo que preciso

Até que isso tudo passe
Aceitarei minhas manias
Ridicularizarei a mim mesma
Saberei rir das coisas que não sei fazer

Até que isso tudo acabe
Abraçarei mais meus filhos
Brincarei mais de roda
Pularei até corda
Rolarei mais na grama

Até que isso tudo passe
Verei mais filmes de amor
Tentarei ter mais paciência
Agirei com mais decência
Vestirei-me com mais cor

Até que isso tudo acabe
Lerei nas caras meu destino
Assobiarei meu hino
Valorizarei mais a vida

Até que isso tudo passe
Espero não ter tanto tempo para tudo isso...
Espero que o tempo acabe, antes que ele passe

God Speed thy travels and a safe return unto the Holy Isle again....

God Speed thy travels and a safe return unto the Holy Isle again....
Vejo-te entre as borboletas, mas sei que não estás comigo
Pedi para voltar para casa e vc disse ainda não ser a hora.
Quero arrancar do peito essa tristeza e sensação que estão me corroendo.
Leve isso de mim. Arranque tudo que não me faz feliz e causa a infelicidade de meus filhos. Leve embora minha alma e tudo o que eu represento...
Pegue-me de novo no colo e me acalante. Conte histórias para eu dormir e voltar a ser criança. Eu estava protegida e feliz...
O tempo se tornou meu inimigo e não quer fazer as pazes. Pense nisso.
Se me levares para casa será o fim dessa angústia.
Não vejo nada além das brumas, estou tão longe de casa e ao mesmo tempo tão perto.
Me faça te ver de novo. Me tire dessa solidão.
Meus braços estão tão cansados. Não posso suportar mais minha cabeça sobre o pescoço nem meus pés suportam mais meu peso.
Vejo-te próxima, mas não me tocas mais. Não me abraças e isso é tudo o que eu preciso. Teu abraço, minha Mãe. Teu toque e teu consolo.
Não sou mais seu reflexo. Meu coração está cinza e meu rosto não carrega mais o seu semblante. Se me falas, não posso entender mais sua língua.
Preciso de ti mais do que minha própria vida que me destes, mas que não sei mais cuidar.
Em meus sonhos não vem mais me visitar e não me leva mais.
Me deixas aqui nesta solidão que não tem fim e neste desconsolo que me mata dia-a-dia.
Quero ir para casa...estou cansada Mãe. Me leve para a Ilha Sagrada. Deixe-me descansar e esquecer...

Mãe

Penso em ti e meu coração se enche das mais conflitantes emoçõesAs emoções de mãe e filha eternas amigas e rivais.O poder de compreender as adversidades só nos é tardiamente dado,Quando somos capazes de gerar outra vida e a ela imprimir nossa marca, aí sim somos entendidasBem fez o poeta Khalil, ao nos comparar com arcos e flexasSomos flexas enquanto mal compreendemos e crescemos em nossa rebeldiaTransformando-nos em arco, abrandamos nosso coração e somos capazes de digerir o mundo que nos cercaMãe, Obrigada por tua devoção. Pelo teu amargo remédio tragado para me ter em seu ventrePelas tuas noites mal dormidas pela minha alta febre e suorPelas calças sujas e o uniforme rasgado que cesias com tanta devoçãoPela tua infinita paciência em ensinar o quase incompreendívelO mundo não nos ensinou a ser mulher. A vida simSer mulher é acreditar que tudo se renova e neste constante ciclo, ter em nosso ventre um novo começoPara perpetuar estes pensamentos e sentimentos conflitantes que nos preenchem o diaSer mulher é acalentar tão sabiamente um filho nos braços e jamais ter aprendido comoSer mulher e mãe é ser o retrato da mais perfeita expressão da palavra Deus e ter seu nome pronunciado por anjos: Ilda.

Vampiro

Entrego minha alma àquele que por ela oferecer mais.
Anjo ou demônio, tanto faz.
Que reservar meu muito e entregar em um breve momento que durará uma eternidade.
Quero entregar minha essência, minha casta e pura vida e mancha-la assim, de uma só vez, em um único gesto.
Quero me libertar das amarras da vida e entregar-me à eternidade, todo dia.
Em um beijo, poder me virar do avesso, poder ser eu mesma e me mostrar ao mundo como a louca e insana que sou.
Quero ter sob meus pés, uma legião de ocultos, ser servida e brindada por eles.
Tratada como rainha em sua majestade.
Quero me ocultar na capa da noite e poder voar sobre as cidades adormecidas e abandonadas.
Quero ser a sombra do mais vil indivíduo e dele extrair o mal, absorvê-la e devolvê-la ao mundo sob uma forma mais doce e agradável.
Doar-me ao vampiro e a ele, apenas pertencer...

Pai

Obrigada por tudo.
Esse tudo, que devo escrever com letras maiúsculas
Me ensinaram tudo o que sei
Me mostraram o mundo

De certa forma, eu sei que sabe
O quão grande é meu amor e minha devoção
Sabe que é todo seu meu coração
E que estás sempre em minhas preces

Sabe que apostar nesse cavalo
Apesar de por algumas vezes ter dado errado
Ainda vai se transformar num azarão

Tu és meu exemplo de bondade e respeito
De caráter e de dignidade
Ética e tranqüilidade, pois é meu porto seguro
Meu farol em meio à tempestade

Acredito em tudo o que me dizes, tenha cuidado
Sou aquela que te tem amor acima de tudo
E como boa filha, jamais enxerga seus defeitos
Para mim, tu és perfeito
És a obra prima do criador em minha vida

O que passo aos meus filhos
É um pouco do que me ensinou, pois
Para tudo ensinar a eles
Levarei a vida toda me dedicando
Assim como a sua, você me dedicou

Sons

Lavo o rosto e desperto para um novo dia.
Mais um dia em que as horas irão passar depressa até a chegada das crianças.
Hoje analisei os sons e percebi como é importante ter vocês por perto.
O silêncio da manhã é insuportável.
Prefiro o grito, o choro, a tv ligada na sala para os fantasmas do apartamento. Sim, porque nunca estão na frente dela, dando sossego para mim que tento, desesperadamente estudar e concluir logo esse MBA.
Ouço o pequeno pedindo para ir brincar. Vivi tenta terminar a lição que leva horas para concluir, perdida em seus próprios pensamentos.
Esses sons, reunidos, são minha vida. São o que me lembra estar viva e saber que “tudo passa”...sempre passa.
“O que a gente leva dessa vida, é a vida que a gente leva”. E como é bom.
Vivi para e corre atrás do pequeno. Lhe faz cócegas e eu tento escrever, tento estudar, tendo me concentrar...apenas tento, sem êxito.
Observa-los passou a ser a minha lição de casa passada pelo Universo.
Estou aprendendo a ser mãe em casa.
A máquina de lavar roupas quebrou (queimou o painel)...acredite ou não, eu me esqueci que poderia lava-las a mão.
Tais atividades acabam e arruínam a minha pessoa, mas me dão imenso prazer.
Lá vem o pequeno, quer fazer xixi...ontem ele dormiu na sala e lá se vai meu sofá...carimbinho na certa.
Aliás, um carimbão...deixei de me importar com isso. Nada vou levar daqui e o que tenho é bom para mim...não precisa ser para os outros.
Paro um pouco de estudar e escrever e corro atrás dele. Brinco, faço cócegas. Tento tornar a vida deles divertida e, enquanto o faço, extermino meu azedume que se instala quando eles estão distantes.
O telefone toca, mas a vida para.
O tempo parece parar, embora eu saiba que ele corre implacável, como areia que teimamos em reter, mas que escorre pelos dedos.

Nostalgia

Senti o perfume da jabuticabeira que tinha na casa da minha tia-avó.
Subíamos ali, eu e meu primo Raphael (saudades) e a cada quatro que comíamos, uma era colocada na bacia.
Até hoje não consigo mais comer jabuticaba.
Árvores sempre fizeram parte de mim.
Nas alturas eu subia e me apoiava em seus galhos para tomar-lhes o fruto tão generosamente concedido.
O pé de framboesa da escola, ou seria amora?
O limoeiro. O Ipê roxo.
Vamos nos esquecendo desse tempo.
Hoje as crianças não sobem mais nas árvores. Sobem nas cadeiras e sofás da infância e se defrontam na televisão. A babá do século XXI.
Percorria as ruas descalça. Tomava chuva. Rolava na grama com um imenso papelão.
Descia o morro de Rubião Junior...lembra?
Jogávamos taco...bola de gude, pião.
Nostalgia.
Alegria.
Rolimã...ah o rolimã. O morro era imenso e ralávamos os pés tentando freá-lo...
O Buik do tio Fauzo acorrentado no poste. Só a carcaça.
Eu era o rádio...(por que será? Rs)
Dirigíamos nas ruas de nossos sonhos de infância.
Caminhávamos na enxurrada da alegria.
Andávamos horas indo onde bem quiséssemos.
A pureza era irmã dos corações.