sábado, 25 de abril de 2009

Carta para mim aos 9 anos

Eu queria te dizer que a vida nem sempre será feliz.
Quero te dizer que às vezes o mundo será cruel. Você vai ter medo, ficará insegura, mas acredite, querida, tudo passa e você sempre terá pessoas maravilhosas ao seu lado para te amparar e te dar força para um recomeço.
Você vai crescer, vai se formar e prosperar, acredite.
Nem pense em cabular aquela aula ou deixar de estudar matemática. Você vai precisar de cada minuto de aprendizado para o futuro que te espera.
Capriche na letra e leia bons livros. Tome pouco sol ou quando você tiver a minha idade, terá tantas sardas no rosto que mal poderão ver qual é cor da sua pele.
Não coma muito doce. Aliás, nem goste deles. Não tome refrigerante ou seu bumbum terá marcas como um sofá capitone aos 20 anos.
Cuidado com tombos de bicicleta e com vidros quebrados. Terá cicatrizes feias por causa destes dois itens.
Apaixone-se mais. Não tenha medo de sofrer. A vida é assim e tudo faz parte de uma grande lição.
Cuidado com as pessoas que você condena atitudes. Confie em seu coração e afaste-se delas.
Confie em seus pais. Por mais que isso possa parecer loucura. Não deixe que o tempo a convença disso de uma forma dolorosa.
Divida seus problemas. Não os tente resolver sempre sozinha. Por vezes, precisamos de conselhos.
Não critique ou julgue demais suas atitudes. Você poderia ter feito diferente, mas não fez. Console-se. Talvez você no fundo, tenha acertado.
Seja sempre você. Não se compare com os outros. Você é um universo e é única em sua existência e muito especial por isso.
Será muito amada. Terá dois filhos lindos e perfeitos que os Deuses confiarão a criação.
Ensine a eles as mesmas coisas que seus pais o fizeram. É o caminho mais certo, pois quando eles crescerem, você saberá que não enveredaram.
Seja paciente. Não se irrite tão fácil ou quando tiver 35, terá de extrair a vesícula.
Demonstre sentimentos. Quem está ao seu lado, precisará muito disso.
Não se preocupe com quem partir. A saudade vai acontecer e o choro virá, mas será um espaço de tempo curto demais para um próspero reencontro.
Nunca esqueça quem foi nem de onde você veio.
Preserve suas origens e sua família.

Feliz Aniversário minha querida.



















assoprando a vela de meus nove anos.
12.11.1990 Botucatu-SP

terça-feira, 14 de abril de 2009

A Páscoa

Para os cristãos, momento de renascimento. Para mim, feliz coincidência de fatos marcantes.
Na páscoa de 1989 ganhei de meus pais o primeiro carro. Um gol quadradinho verde-pus (ai que horror esta comparação). A liberdade de poder guiar um carro era uma incrível sensação. Minha irmã ia e eu voltava dirigindo. Como receosa do bendito volante, nem sempre essa foi a regra. Por vezes ela ia e voltava.
Nossos passeios? Coisa de irmã. Gastávamos desnecessariamente gasolina, rodávamos pelos Jardins e acabávamos parando na Swensen's tomar sorvete todo domingo à tarde.
O meu era o de sempre: chocolate, malte e marshmallow. Que delícia. Pena que conto os quilos extras ganhos nessa fase até hoje.
Tardes preguiçosas de verão. Gente bonita na porta da sorveteria. Uma delícia.
Nosso carro era o nosso mundo e nos divertíamos demais. Perdíamos-nos, paquerávamos, vivíamos todo o poder da juventude sobre quatro rodas.
Páscoa de 2009. Vinte anos depois. Isso mesmo, 20 anos depois, ganho meu primeiro apartamento. Acho que meu pai nem se lembra disso. Vai lembrar quando ler este texto (rs).
Uma feliz e indescritível coincidência.
Meu coelhinho na verdade é um coelhão de 1,75 mais ou menos, lindos olhos verdes e charmosos cabelos brancos.
É. Talvez a vida seja apenas uma série de fatores e coincidências incríveis. Uma sucessão de fatos marcantes e momentos de emoção.
Talvez, se eu puder descrevê-la a um ET, seja esta expressão usada para melhor fazê-lo.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

dalida-Helwa ya baladi

Manoela

Aguardava na sala, ansiosa pelo encontro.
Enfim conheceria um espírito.
Nunca antes vi ou presenciara tal manifestação.
A porta do quarto se abriu, chamaram-me e eu entrei.
Uma luz suave e um perfume doce emanavam de uma moça sentada em uma cadeira, toda recolhida e com um lenço vermelho nos cabelos. Alguns colares e um sorriso tão radiante que o quarto parecera de repente iluminar-se por completo.
Ela me saúda e se apresenta: Manoela.
Eu nunca mais fui a mesma.
Fevereiro de 1996 e por sete anos mais pude conhecer os passos, e principalmente aprender com essa doce mulher. Uma verdadeira Mãe.
A emoção e a vibração tão fortes que as lágrimas eram inevitáveis.
Lembro-me que sempre pedia meu sorriso e nunca minhas lágrimas, mas como boa filha de Oxum, não resistia.
Ainda sinto sua presença. Acredito que ela jamais tenha partido, apenas espera que aquietemos o coração para ouvi-la, pois está sempre perto a nos irradiar amor.
Como sou privilegiada por conhecê-la, por tê-la podido ouvir.
Agora mesmo, enquanto escrevo lembro de suas palavras, choro e sinto saudades.
Que posso fazer? Consigo tudo, vê-la em sonhos, ouvi-la quando me aquieto, mas ainda assim quero o abraço.
Quem a abraça jamais permanece o mesmo.
Converte-se em um ser portador de luz que ela, generosamente reparte. Torna-se mais humano, perdoa mais, ama mais, concede mais.
Obrigada por fazer parte de minha vida.
Yah habibit albi maik (minha querida, meu coração está com você)