terça-feira, 26 de maio de 2009

Maria Bethânia canta "Eu que não sei quase nada do mar"

Santa Sara Kali - Padroeira dos Ciganos

Não preciso de um dia para me lembrar de Ti.
Isso o faço todos os dias.
Obrigada minha Mãe.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

21.05.2009



Então chegou mais um aniversário.
Onze anos. Parece que foi ontem que te tocava pelos buracos da incubadora.
Parece que foi ontem que acordava no meio da noite para lhe dar a mamadeira, trocar suas fraldas, ninar e acalentar você.
Parece que foi ontem que te enrolava em mantas cor-de-rosa e te aninhava em meus braços, protegendo-a dos ventos de outono.
A fustigante passagem das horas. O correr voraz do tempo.
Então cresceu. Já é quase uma mulher, mas ainda posso detê-la em meus braços.
Ainda tenho as lembranças de você pequena. Cresceu depressa demais.
Nossas brincadeiras, a conversa séria na Praia do Curral em Ilhabela, as lágrimas, o riso, o amor incondicional.
Está tudo tão gravado em minha alma, querida. Não cabe mais no peito todos esses anos de amor.
Bendito seja o dia em que entrou em minha vida, transformando-me completamente. Dando-me rumo, um norte, como uma linda rosa dos ventos. Os ventos de outono...
É impossível expressar com palavras e mesmo com gestos, todo amor que sinto.
Espero que entenda essa minha imensa frustração de não poder fazê-lo.
Muito poderia dizer ou escrever, até mesmo demonstrar, mas nada corresponderia fielmente ao que sinto.
Talvez uma música em suas escalas vibracionais o possa. Talvez não.
Obrigada, minha querida. Obrigada por ser meu presente todos os dias. Obrigada por seus abraços e beijos. Obrigada pelo ar que você respira. Obrigada por me confiar sua vida.
Feliz aniversário minha luz.
Que os Deuses que me confiaram você, possam sempre lhe guiar os passos por mais muitos anos de existência.
Te amo. Mais do que posso.
Mamãe.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Hoje acordei Fernando...



"Escrevo, triste, no quarto quieto, sozinho como sempre
tenho sido, sozinho como sempre serei. E penso se, a minha
voz, aparentemente tão pouca coisa, não encarna a substância
de milhares de vozes, a fome de dizerem-se de milhares
de vidas, a paciência de milhões de almas submissas como a
minha no destino quotidiano ao sonho inútil, à esperança sem vestígios. Nestes momentos meu coração pulsa mais
alto por minha consciência dele. Vivo mais porque vivo
maior. Sinto na minha pessoa uma força religiosa, uma espécie de oração, uma semelhança de clamor. Mas a reação contra
mim desce-me da inteligência... Vejo-me no quarto andar
alto da Rua dos Douradores, sinto-me com sono; olho,
sobre o papel meio escrito, a vida vã sem beleza e o cigarro
barato [...] sobre o mata-borrão velho. Aqui eu, neste quarto
andar, a interpelar a vida! a dizer o que as almas sentem!
afazer prosa [...]"...
Fernando Pessoa

terça-feira, 12 de maio de 2009

Estúpida cegueira.



Maldita hora em que pintei os cabelos.
Parece ter impedido minha visão linear.
Como pude ser tão tola e não notar? Como pude não perceber?
O que há de errado comigo ou consigo?
Que turbilhão de problemas entrei sem querer e não consigo fugir?
Do olhar furtivo, do ombro amigo, a quem pretendia enganar?
Que poder é esse de arrancar-me do assento,
corroer-me por dentro
Até eu sangrar?
Que tortura voraz que me corrói a alma
Enche-me de culpa e medo
Cala quando quero que respondas
E grita quando quero que cales.
Sufoco meus anseios
Aniquilo minha ansiedade
Mas por dentro sou assim
Eterna e imutável saudade
Do tempo em que ficamos juntos
Quero e não quero
Posso e não posso
Esse vai-e-vem me consome e me entristece
Não posso mais ter dezesseis, nem tampouco dezessete
Cresci e embora me agarre às paredes do tempo
O implacável relógio já registrou as horas
Já desperdiçou minha vida
Posso desejar o fim?
Posso pedir para que tudo isso pare?
Mesmo que possa, não sei se quero
Assusto-me com meus pensamentos
E cubro a cabeça com o cobertor
Mas então me lembro do cheiro e do calor
Lembro do abraço e da cor
Entristeço-me e calo
A voz do que poderia ser do amor

Quando adormeço...

Sinto-me distante de casa, embora saiba que essa distância seja absolutamente relativa.
Ouço as vozes, os cantos, sinto o cheiro da floresta e o gelar das brumas em meu rosto.
Caminho com pés descalços sobre a relva úmida. Sinto-me poderosa, mas dentro deste universo. Fora dele tudo é saudade e uma vontade imensa de retornar.
O tilintar dos metais, o frescor e a pureza das águas do poço sagrado, o perfume dos pães e das maçãs.
A viagem eterna ao centro de si mesmo. A introspecção. O silencio da Grande Mãe a aquietar o coração.
A doce brisa do outono. O entardecer em meio às fogueiras que o tempo apagou.
Esse desejo imenso de voltar para casa vem todas as noites, quando me aninho ao travesseiro imaginando estar em um abençoado colo de mãe. A Grande Mãe.
Um retornar ao útero onde nenhum mundo pode me alcançar ou ver.
Sublime irradiar de energias e amor, o verdadeiro lar dos homens.
Amanheço e acordo uma figura que A representa. Carrego esta missão e assim concordei em fazê-lo, mas sinto saudades.
Saudades de meu irmão, Enã. Saudades do mundo que tínhamos e dos amores que vivíamos.
Angus aponta sua espada e me mostra o caminho, mas hoje não posso mais seguí-lo.
Prometeste-me nossa história. Muito pelo que lembro, muito pelo que me prometeras contar.
Encontro pessoas que me ajudarão a percorrer essa estrada para casa novamente, mas o medo bate.
O medo das responsabilidades que assumi, das pequenas almas que devo conduzir, do meu legado à Victoria que devo deixar, embora saiba que William o agarrará com mais força e amor que a Vivi.
Então, mais uma noite, adormeço...

Loreena McKennitt- The Mystic's Dream