segunda-feira, 25 de abril de 2016



O meu silêncio
Há quem diga que por arrogância me isolei. Isolei-me socialmente, emocionalmente e desprezo ou ignoro quaisquer eventos ao meu redor. Lamentável saber disso.
Isolo-me, pois minha dor torna insuportável o vestir, o calçar e o enfrentar horas em posições que me causam aflição ainda maior.
Isolo-me quando a depressão se torna insuportável para o convívio até comigo mesma.
Isolo-me quando minhas chagas estão tão expostas que causam repúdio ou medo às pessoas de meu convívio.
Não se trata de descaso. Não se trata de não me importar. É algo além de minhas forças ou além de minha vontade.
E enquanto não encontramos a cura, me isolo. Sofro menos agindo assim ou, pelo menos tento.
Se aqueles a quem amo não puderem entender ou simplesmente permitir meu silêncio, torna-se dor ainda maior por causar chagas em minha alma.
Buscamos uma utopia, um sonho e uma ilusão ao tentarmos ser felizes. A felicidade é efêmera. É um lapso de tempo.
Um sorriso que se perde, uma risada que escapa, um olhar de admiração a alguém que te surpreende. A soma destes momentos é a felicidade e não algo que se sustenta nos braços ou se retém com as mãos.
Em meu silêncio absorvo isso e em meu silêncio vivo.
Entendam ou não. As circunstâncias mudam os seres e as minhas estão me moldando de forma violenta. Aos que me conheceram há 10 anos atrás, minhas desculpas.
Minha doença não me permite mais ser quem eu era. Hoje não suporto mais nos braços os amigos que precisam de mim. Hoje simplesmente lhes dou as costas, não porque quero, mas porque eu mesma me tornei um fardo e sozinha não suporto mais sequer a mim mesma.
Enquanto sobrevivo, espero outros sóis. Espero a cura ou um caminho.

Apenas um caminho já ajudaria muito a quebrar o meu silêncio.

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