segunda-feira, 28 de abril de 2008

Traição

Me sinto uma traidora.
Traindo minha vida, traindo meu tempo, traindo meus desejos e minha busca.
Traindo aqueles que me amam, traindo meus pensamentos...
Traindo a maior interessada nisso tudo: eu.
Quem é mais traído?
Traio, quando não sigo adiante. Traio quando persigo um fantasma...
Traio, quando choro escondido, pelos meus traídos que desconhecem minha traição.
Traio, quando busco o inatingível e sinto o peso da culpa, de madrugada, quando meus traídos dormem.
Traio quando minha boca diz "não", e meu corpo todo implora pelo "sim".
Traio meu corpo quando meu espírito se liberta e vai ao encontro do objeto de minha traição. Ele, meu corpo, fica ali, inerte na madrugada repousando sobre o colchão, impossibilidado de ser cúmplice de meu espírito.
Espero pelo crime perfeito, quando corpo e espírito serão pegos e punidos pela minha traição.

Um comentário:

Unknown disse...

eu acho uma merda qualquer tipo de traição. Trairmos a nós mesmos então, nem se fala! Mas, de boa, que atire a primeira pedra quem nunca traiu ou, pior, quem nunca se traiu. Que me desculpem aqueles que achem o meu depoimento um absurdo, mas, hoje, é assim que penso. Um dia, quem sabe, eu não evolua, eu não me envergonhe. Um dia, quem sabe, a gente pare de se cobrar tanto. De querermos ser tão perfeitos. Um dia, quem sabe.