segunda-feira, 5 de maio de 2008

Os prazeres do mundo

A felicidade mora nas coisas simples.
O olhar da Victoria. O sorriso do William.
A vida a cada respiro. As batidas do coração e as manhãs quando abro meu olhos e vejo que está tudo ali, me esperando acordar.
A bagunça das crianças no fim do dia. O telefone celular para mais um contrato.
Falar com meu pai sobre as notícias do dia. Rever aquele filme que me faz chorar (todos fazem).
Abraçar o Dede quando ele chega do trabalho, cansado depois de horas na estrada.
Tocar violão. Ouvir aquela canção que te marcou a juventude. A trilha sonora da sua vida.
Abraçar minha mãe. Quem conhece esse abraço sabe que ele é único. É como se todo o amor do mundo coubesse entre seus braços.
Ser mãe.
Hoje me vejo com esse imenso prazer de ser mãe e ser filha. Daqui a uns anos, sogra e avó e se o tempo for generoso comigo, bisavó.
Acho que os filhos são o mais próximo que chegamos dos Deuses. É o grande prazer do mundo onde o tudo é muito pouco para definir.
O primeiro olhar, o cheiro, as noites sem dormir. O primeiro sorriso, o primeiro passo e a primeira palavra para ganhar o mundo e perder-se de mim.
Filhos são para sempre. Mesmo que tudo acabe e passe, filhos são para sempre.
Acordá-los toda manhã e vê-los despertar como flores, bem lentamente.
Ouvir seus choros de seus resmungos de criança mimada que têm tudo, mas jamais reconhecem. Brigar com a bagunça no banheiro, o brinquedo jogado na sala, o sofá Shrek pois parece mais um ogro, o que antes foi um lindo tecido laranja...
Os medos e inseguranças que a vida fatalmente lhes impõe e que não posso impedir. A tristeza que de repente lhes abate e não posso evitar.
O grande prazer do mundo é ter filhos, pois deles vêm todos os demais. A sensação de missão cumprida, embora saiba que para sempre terei nítida a sensação de que falhei em algo.
“Mãe não é gente. Mãe é mãe”, dizia meu primo Georges.
Aqui, minhas mães, um beijo a vocês, que souberam como poucas reconhecer os prazeres do mundo, ser filha e ser mãe:
Minha mãe Ilda. Minha doce e querida mãe que tarde compreendi, mas ainda em tempo para amar de forma plena
Minha mãe das férias e feriados Carmo (in memorian)
Minha mãe negra Guga
Minha mãe que mimava Lúcia (in memorian)
Minha Grande Mãe Rosa avó como poucas (in memorian)
Minha Grande Mãe Leontina, que não conheci, mas que sempre amei (in memorian)
Minha mãe Solange madrinha de batismo, que graças aos Deuses não se tornou minha mãe de fato, não por não ser boa pessoa, mas por ter significado que minha verdadeira mãe já não estaria mais comigo hoje.
À Mãe Manuela. Um espírito mãe que me ensinou o que vale o amor e, porque vale viver

À Grande Mãe. Não a última e nem a primeira. Aquela que sempre estará comigo e àquela que hei de sempre representar em Terra.
Obrigada minhas mães por fazer-me conhecer os prazeres do mundo: Victoria e William.

Um comentário:

Unknown disse...

Lembrei do dia que fui conhecer o quarto da Vitória. E hoje, olha só: duas peças raras que não só te dão felicidade plena como te faz dar "vida" a um sofá. Morri de rir com algumas partes do seu texto. e, só para variar um pouco, chorei um pouquinho também. Grande Manuela. Igual, ninguém. Grande Clau que, igual também não há. Bjs., Paolita