quinta-feira, 22 de julho de 2010

Inverno



Sei que devo esperar o inverno acabar e renovar todo o ciclo para que então haja um reinicio.
As horas parecem congeladas enquanto o vento sopra forte e me empurra para dentro de mim.
Estou sentada no alto da colina, observando os verdes campos da Escócia, pensando em quão sozinha estou. Meu espírito, livre, vaga pelo mar e volta para casa.
Meu corpo cansado e já envelhecido espera o momento de poder fazer o mesmo.
Tantas vezes quis voltar, mas não acho mais o caminho. Ele se perdeu de vez. Jamais saiu de mim, mas não consigo mais ver por entre as brumas.
Devo esperar que a estação acabe.
Sinto tanta saudade. Não vejo mais os meus. Ele desapareceu há anos, embora saiba que sempre está por perto, ele não vem mais em meus sonhos.
Naylah não voa mais. Não ouço seu pio. Não vejo mais seus olhos na noite fria, e isso me desorienta.
Apesar do sol forte, a visão turva como se fosse tempestade. As lágrimas se confundem com a chuva.
É tempo de esperar. Enquanto espero, planto o que quero que desperte quando a primavera chegar.
Vejo as cores que se mostrarão imponentes aos meus olhos marejados. Os ventos que semearão meus sonhos e que trarão vida de volta a este lugar. Desenho os símbolos sagrados em solo fértil e consigo ter paz, mesmo por um breve período, enquanto espero.
O sabor das maçãs, o aroma das flores, as tardes preguiçosas sobre a relva, o sol forte no rosto, mostrando que ainda estou aqui, viva.
Então, assim que o sol apontar a primeira manhã da estação das flores saberei que nova roda começará a girar. Terei minhas esperanças renovadas, os sonhos plantados e a aventura recomeça, mas enquanto isso...Inverno.

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