quinta-feira, 19 de junho de 2008

O cabo da panela

Meu marido é amigo há mais de 20 anos.
Sempre moramos na mesma rua em São Paulo com nossos pais.
Os prédios, um na frente do outro, em uma rua movimentadíssima no coração do Paraíso.
Brincávamos juntos desde criança.
Em 1988 nos reencontramos, após longa ausência, em um colégio na Vila Mariana e, estudando juntos, voltamos a ser amigos.
Um dia, por motivos bobos, brigamos e jurei que nunca mais falaria com ele.
Seus pais separaram-se, ele mudou para o Ipiranga e nunca mais nos vimos...por seis longos anos.
Quando o reencontrei, começamos a namorar e nos casamos.
Um dia ele me disse que a felicidade morava nas pequenas coisas. Pequenos gestos que o dia-a-dia e o cotidiano vão roubando de um casal.
Sempre preocupado com os pequenos gestos, para que não se perdessem em nossa rotina.
E lá se vão dez anos de não-rotina.
Noite dessas, ao fazer o tão amado “miojo” do pequeno, notei o cabo da panela bambo e, claro, perigoso.
“nossa Dede, olha o cabo dessa panela como está? Precisa levar à feira para ajustar...”
“é só apertar o parafuso”
“que parafuso?” pergunto eu, procurando o bendito dentro da panela. Loira é uma desgraça.
“por dentro do cabo...”
Olhei o bendito, escondido por dentro do cabo e tentei alcançá-lo, em vão, com a ponta de uma faca para apertá-lo.
Dedi pareceu não dar a menor importância ao caso.
Como bom geminiano, a hora é sempre depois. Nunca na hora, é a hora certa para fazer as coisas, sempre depois, ao melhor estilo Scarlet O´Hara.
Dois dias depois, peguei a mesma panela para preparar o molho e nossa: o cabo estava firme!!!
“amor, vc apertou o cabo?”
“fiquei com medo que se machucasse...”
São as pequenas coisas, os pequenos gestos que fazem com que sinta amor, compreensão e prove em nosso dia-a-dia que ainda nos preocupamos que queremos bem, que cuidamos.
Simples gestos de amor. Nada de ouros, jóias, diamantes, carros. Pequenos gestos que nos mantém alerta, viva e claro, amando cada vez mais.
Parece bobo, mas são esses pequenos gestos diários, que compõe um relacionamento, quem sabe, por mais 10 anos, mais 10, mais 10...

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