sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Quedate com Dios

Ela não sabia mais o que fazer.
Seu mundo crescera depressa demais para que os outros a acompanhassem.
Era como se o progresso e a industrialização acomodassem em seu pequeno vilarejo e só ela pudesse compreendê-lo e aceitá-lo.
Eis que ela renasceu como Fênix das cinzas e tomou as rédeas de sua vida.
Abriu os braços para todas as oportunidades, mesmo que lhe gritassem ser perigoso.
Eis que ela se viu no cume da montanha mais alta, abrindo os braços para o vento e expondo seu rosto ao sol, na mais completa sintonia com o universo.
Ela se libertou. Pôde compreender que seguiria para onde os ventos sopravam e não mais para onde as bússolas diziam ser o Norte.
Preferiu acreditar e sorrir, a lamentar e se amuar no canto de sua vila.
Preferiu transpor as fronteiras que mapas nenhum no mundo todo puderam e poderiam desenhar. Seu espírito estava livre de tudo o que a acorrentava.
A caminhada seria longa, mas jamais a intimidaria o fato de cansar-se.
Iniciou sua jornada rumo ao que o coração lhe dizia. Na verdade, uma voz de Mãe Manuela, como música a repetir-lhe nos ouvidos: “quedate com Dios” e foi.
E quedou-se. E foi feliz. Ou seria para sempre, pois a jornada seria eterna. Soube disso quando se libertou. Apenas parou para descansar e quase perdeu o ritmo dos passos, retomados no meio da vida. Dessa vida.

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