terça-feira, 12 de maio de 2009

Quando adormeço...

Sinto-me distante de casa, embora saiba que essa distância seja absolutamente relativa.
Ouço as vozes, os cantos, sinto o cheiro da floresta e o gelar das brumas em meu rosto.
Caminho com pés descalços sobre a relva úmida. Sinto-me poderosa, mas dentro deste universo. Fora dele tudo é saudade e uma vontade imensa de retornar.
O tilintar dos metais, o frescor e a pureza das águas do poço sagrado, o perfume dos pães e das maçãs.
A viagem eterna ao centro de si mesmo. A introspecção. O silencio da Grande Mãe a aquietar o coração.
A doce brisa do outono. O entardecer em meio às fogueiras que o tempo apagou.
Esse desejo imenso de voltar para casa vem todas as noites, quando me aninho ao travesseiro imaginando estar em um abençoado colo de mãe. A Grande Mãe.
Um retornar ao útero onde nenhum mundo pode me alcançar ou ver.
Sublime irradiar de energias e amor, o verdadeiro lar dos homens.
Amanheço e acordo uma figura que A representa. Carrego esta missão e assim concordei em fazê-lo, mas sinto saudades.
Saudades de meu irmão, Enã. Saudades do mundo que tínhamos e dos amores que vivíamos.
Angus aponta sua espada e me mostra o caminho, mas hoje não posso mais seguí-lo.
Prometeste-me nossa história. Muito pelo que lembro, muito pelo que me prometeras contar.
Encontro pessoas que me ajudarão a percorrer essa estrada para casa novamente, mas o medo bate.
O medo das responsabilidades que assumi, das pequenas almas que devo conduzir, do meu legado à Victoria que devo deixar, embora saiba que William o agarrará com mais força e amor que a Vivi.
Então, mais uma noite, adormeço...

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