quarta-feira, 7 de maio de 2008

Victoria


Daqui há 14 dias, minha batatinha fará 10 anos.
Volto no tempo e penso o que teria acontecido com minha vida se ela não tivesse aparecido?
Vazia. Assim eu estava. Vazia e me perdendo no mundo, perdendo um tempo precioso de minha juventude.
O medo e a insegurança foram óbvios. O pavor de ter agido contra tudo o que consideravam certo.
Meu amor, enfim, tomava forma. Uma forma humana e viva.
Ele personificava na forma de uma mulher. Não poderia ser um homem, não para começar uma nova vida.
Ela tinha que se chamar Victoria. Por tudo o que vivemos quando ela estava na barriga. Por tudo o que passei quando ela nasceu. Por tudo o que ela enfrentou em seus primeiros sete dias na UTI neo-natal da Maternidade Santa Joana. Pelo muito que choramos, abraçadas uma à outra quando caia ao tentar andar, tinha medo do escuro, ficava insegura.
Pelo muito que sorriu quando ganhava um presente, quando caía um dente ou quando achava graça das minhas palhaçadas.
“Minha melhor amiga é o meu amor. Pra gente E a gente canta E a gente dança E a gente não se cansa De ser criança A gente brinca Na nossa velha infância...”
Uma fada a carregar em seus pequenos braços, toda a felicidade do mundo.
Uma borboleta, que com seu bater de asas criou o grande efeito em minha vida.
Não. Não vou mais pensar no que teria acontecido. Quero reter todo esse universo que criamos juntas para sempre comigo. Quero morrer amando, te admirando e torcendo para que sua felicidade seja imensa e não te caiba no peito.
Quero continuar vendo-a crescer e me encantar com sua beleza física e espiritual.
Quero ser para sempre seu porto seguro, sua nave-mãe, onde você sempre terá sossego, apoio e, principalmente, amor, diálogo e compreensão.
Obrigada por ser meu presente. Eu te amo, mais que posso. Para sempre.

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